BRICS detém mais de 70% das terras raras do planeta, recurso essencial para alta tecnologia

Créditos: BRICS 2024 e Palácio do Planalto - Presidente Lula discursa por videoconferência na Cúpula do BRICS em Kaza, na Rússia.

Durante a histórica Cúpula do BRICS em Kazan, na Rússia, da qual o presidente Lula participou por videconferência após sofrer um acidente doméstico e cancelar a viagem, ele chamou a atenção para uma vantagem competitiva dos países do grupo: juntos, contam com 72% das terras raras do planeta, 75% do manganês e 50% do grafite, matérias-primas essenciais para indústrias tecnológicas e estratégicas.

Essa reservas dão ao BRICS vantagens estratégicas como autossuficiência em recursos críticos, fortalecimento da competitividade industrial e liderança em setores de energia renovável e alta tecnologia. Tal riqueza permite aos países do bloco reduzir a dependência externa e aumentar sua influência global, além de impulsionar o desenvolvimento econômico sustentável e a inovação.

Apesar de o BRICS responder por 36% do PIB global ajustado por paridade de poder de compra, concentrar toda essa riqueza mineral, os fluxos financeiros ainda seguem predominantemente para as nações ricas, observou Lula no discurso.

“É um Plano Marshall às avessas, em que as economias emergentes e em desenvolvimento financiam o mundo desenvolvido. As iniciativas e instituições do BRICS rompem com essa lógica”, disse.

VÍDEO: Lula detona “Plano Marshall às avessas” de países ricos na Cúpula dos BRICS

Sistema de pagamento do BRICS

Em seu discurso, Lula destacou a importância do BRICS na construção de um mundo multipolar e na luta contra as desigualdades globais. E entre os pontos alto do discurso foi a crítica ao fluxo financeiro global, que, segundo ele, continua beneficiando as nações ricas em detrimento dos países emergentes.

Para Lula, as iniciativas e instituições do BRICS, como o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), são fundamentais para reverter esse cenário e promover o crescimento sustentável dos países do bloco.

A ideia de um sistema de pagamentos alternativo, que permita aos principais países do Sul Global utilizarem suas moedas nacionais em vez do dólar ou do euro, que representam atualmente quase 80% do comércio mundial, foi apresentada terça-feira (22) durante uma reunião entre o presidente russo Vladimir Putin e Dilma Rousseff, que preside o Novo Banco de Desenvolvimento, antes do início da cúpula do BRICS na Rússia.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) quer “mais detalhes” sobre o futuro sistema de pagamentos internacionais previsto pelos países do Brics, antes de avaliar seu impacto no comércio internacional, sublinhou a responsável do Fundo, Kristalina Georgieva, NA quinta-feira (24).

Terras raras brasileiras

O Brasil possui grandes reservas de terras raras, principalmente na região norte do país. Segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM), o país é um dos com maior potencial de produção de terras raras, com reservas estimadas em aproximadamente 21 milhões de toneladas, que representam cerca de 20% das reservas mundiais.

No entanto, o país ainda está desenvolvendo sua capacidade de exploração e processamento desses elementos. A maior parte das reservas está localizada em áreas como o Pará, Minas Gerais e Goiás, mas a produção ainda é incipiente em comparação com outros países, como a China, que domina o mercado global de terras raras.

Apesar de seu potencial, o Brasil enfrenta desafios na exploração de terras raras, como a falta de infraestrutura adequada, tecnologias de extração e processamento, além de questões ambientais e regulatórias. O desenvolvimento dessa indústria pode colocar o país em uma posição estratégica no mercado global de alta tecnologia, especialmente com a crescente demanda por veículos elétricos e energias renováveis.

A China é atualmente responsável por cerca de 85% da produção mundial de terras raras, o que coloca outros países, incluindo o Brasil, em uma posição de dependência. Com o aumento da demanda e as tensões comerciais globais, a diversificação de fontes de terras raras tornou-se uma prioridade para várias nações, o que pode abrir oportunidades para o Brasil expandir sua participação no mercado.

Manganês e grafite

O Brasil é um dos principais produtores mundiais de manganês, essencial na fabricação de ligas de aço e ferro. As reservas brasileiras estão concentradas principalmente nos estados do Pará, Amapá e Minas Gerais. O Brasil responde por cerca de 15% da produção global de manganês, sendo um dos maiores exportadores desse mineral.

O país também é um dos maiores produtores de grafite do mundo, com minas situadas principalmente em Minas Gerais. O grafite é utilizado em baterias de íon-lítio, na indústria siderúrgica e em várias aplicações tecnológicas. O país detém cerca de 50% das reservas globais de grafite.

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