Cúpula dos Brics: Dilma defende expansão do bloco; Lula fala com Putin por telefone

Dilma Rousseff em reunião com Vladimir Putin na Cúpula dos Brics. Créditos: Reprodução de vídeo / Rede X

Em reunião com o presidente russo Vladimir Putin nesta terça-feira (22), primeiro dia da Cúpula dos Brics em Kazan, na Rússia, Dilma Rousseff, presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) defendeu a expansão do bloco e o foco em projetos no Sul Global.

“Eu espero que possamos ter uma expansão maior dos países Brics para os países do sul global e que possamos definir os novos rumos que iremos trilhar nos próximos anos. Essa é a questão fundamental, dos recursos financeiros necessários para suprir nossas necessidades, tem um foco fundamental no momento atual, juntamente com a expansão dos países membros”, afirmou, em português, Dilma.

Putin enfatizou que o Novo Banco de Desenvolvimento investiu 33 mil milhões de dólares desde 2018 em uma centena de projetos. “O aumento das transações em moeda local permite reduzir as taxas de serviço da dívida, aumentar a independência financeira dos países membros do BRICS, minimizar ao máximo os riscos geopolíticos e libertar, na medida do possível na corrente mundial, o desenvolvimento económico dos política”, declarou.

Antes da cerimônia de abertura, onde discursará por videoconferência, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva falará com Putin por telefone.

Lula não viajou à Rússia seguindo orientação médica após a queda que sofreu no banheiro do Palácio da Alvorada no último sábado (19), que causou uma pequena hemorragia cerebral, segundo o cardiologista Roberto Kalil Filho.

Expansão do bloco

A 16ª cúpula do BRICS será a primeira com os dez membros do bloco. No início do ano, além de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o agrupamento passou a ser integrado também por Irã, Etiópia, Egito, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.

No total, 22 chefes de Estado de 32 países participaram da reunião na Rússia, a primeira do bloco no país após o início da guerra contra a Ucrânia.

Na cúpula, a discussão econômica deve girar em torno de medidas para reduzir a dependência do dólar no comércio entre os países, além de ações para fortalecer instituições financeiras alternativas ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Banco Mundial, controlados principalmente por potências ocidentais.

Um dos temas debatidos será, por exemplo, a ideia de Putin de criar um sistema de pagamento liderado pelo Brics para rivalizar com o Swift, um sistema de transferências internacionais da qual os bancos russos foram cortados em 2022, depois de o país ter invadido a Ucrânia. 

Além disso, o Banco dos Brics, comandado por Dilma, pode oferecer uma alternativa aos países, como Cuba, Irã e Venezuela, que sofrem com a asfixia financeira por meio de sanções capitaneadas por países como EUA e Israel e levadas a cabo pelo sistema financeiro e as empresas transnacionais.

Estima-se que o Brics concentre cerca de 36% do Produto Interno Bruto (PIB) global, superando o G7, grupo das maiores economias do planeta com Estados Unidos, França, Reino Unido e Alemanha, que concentra cerca de 30% do PIB mundial. Além disso, o Brics concentra cerca de 42% da população mundial.

Expansão no sul global

Outro tema crucial, antecipado por Dilma e Putin é a expansão do bloco. Atualmente, mais de 40 países estão interessados em fazer parte dos Brics.

Entre os países que pleitearam a entrada no bloco estão países que sofrem com achaques capitaneados pelos EUA, como Cuba, Irã e Venezuela.

Além destes, países do sudeste asiático como Tailândia e Vietnã, e próximos à Rússia, como Belarus e Cazaquistão também fizeram a solicitação. Na África, a Argélia já demonstrou interesse.

Ao chegar à Rússia, o chanceler brasileiro Mauro Vieira, que chefia a delegação no lugar de Lula, afirmou que todos os países que se candidataram têm chances, desde que obedeça a uma série de critérios, já aplicados durante a expansão realizada neste ano, como resultado da cúpula de chefes de Estado de Joanesburgo, na África do Sul.

Na ocasião, o apoio a uma reforma abrangente do Conselho de Segurança das Nações Unidas foi colocado pelo Brasil como pré-requisito para a adesão. 

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