Lula se reúne com o chanceler alemão Olaf Scholz em NY; acordos comerciais e meio ambiente na pauta

Lula e Scholz durante encontro do G7 na Itália. Créditos: Ricardo Stuckert

De BERLIM | O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reúne nesta segunda-feira (23) com o chanceler da AlemanhaOlaf Scholz, em Nova York, nos Estados Unidos. O encontro ocorre no contexto da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), cujo debate principal será aberto na terça-feira (24), com o tradicional discurso do presidente brasileiro.

A reunião bilateral entre Lula e Scholz está marcada para as 12h30. Após o encontro, o chanceler alemão oferecerá um almoço ao presidente do Brasil. Na pauta, destacam-se temas como acordos comerciais e questões ambientais.

Um dos principais assuntos será o avanço nas negociações do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, de interesse de ambas as partes. Scholz busca ampliar o acesso da Alemanha ao mercado sul-americano, já que o país europeu tem perdido espaço para a China nos últimos anos.

A pauta ambiental também será central na conversa entre os dois líderes, especialmente devido a um impasse entre o Brasil e a União Europeia. O bloco planeja implementar, a partir de 2025, uma lei que proíbe a importação de produtos agrícolas provenientes de áreas recentemente desmatadas. O Brasil, por sua vez, busca adiar a adoção dessa medida, argumentando que o veto poderia gerar prejuízos de até US$ 15 bilhões. Além disso, o governo brasileiro teme que a nova legislação possa ser uma forma de protecionismo disfarçado, em violação das normas internacionais de comércio.

Outros temas relevantes incluem os conflitos no Oriente Médio, com foco nos recentes ataques de Israel a territórios palestinos e libaneses, bem como a guerra entre Rússia e Ucrânia. A reforma das instituições de governança global também deverá ser abordada, já que tanto o Brasil quanto a Alemanha pleiteiam um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.

No período da tarde, Lula terá um encontro com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Os temas em discussão deverão ser semelhantes aos tratados com Scholz: o acordo Mercosul-União Europeia, as questões ambientais e climáticas, os conflitos internacionais e a reforma dos organismos globais de governança.

Reforma das instituições e justiça climática 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou, na manhã deste domingo (22), na abertura da Cúpula do Futuro em Nova York, nos Estados Unidos. Trata-se de um evento que antecede o debate geral da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), a ser realizada na próxima terça-feira (24) e que Lula será o primeiro a discursar. 

A Cúpula do Futuro foi convocada pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, e visa debater o futuro da humanidade, abordando temas como mudanças climáticas e combate à pobreza. O evento reúne, além de chefes de Estado do mundo todo, cerca de 7 mil representantes de organizações não governamentais (ONGs), acadêmicos e setor privado.

Em seu discurso, Lula fez críticas à ineficiência da Implementação da Agenda 2030, destacando que, no ritmo atual, apenas 17% das metas serão atingidas, colocando em risco o maior empreendimento diplomático dos últimos anos.

“Voltar atrás em nossos compromissos é colocar em xeque tudo o que construímos tão arduamente. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável foram o maior empreendimento diplomático dos últimos anos e caminham para se tornarem nosso maior fracasso coletivo. No ritmo atual de implementação, apenas 17% das metas da Agenda 2030 serão atingidas dentro do prazo”, disse. 

Na sequência, Lula frisou que o Brasil, na condição de presidente do G20, coordena a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza. “Naturalizar a fome de 733 milhões de pessoas seria vergonhoso”, pontuou

O mandatário brasileiro, entre outros assuntos, fez forte crítica à crise da governança global, destacando a necessidade de transformar instituições como o Conselho de Segurança da ONU e as instituições de Bretton Woods para refletir o atual peso do Sul Global.

“O Sul Global não está representado de forma condizente com seu atual peso político, econômico e demográfico. A Carta da ONU não faz referência à promoção do desenvolvimento sustentável. Precisamos de coragem e vontade política para mudar, criando hoje o amanhã que queremos. O melhor legado que podemos deixar às gerações futuras é uma governança capaz de responder de forma efetiva aos desafios que persistem e aos que surgirão”, declarou.

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