Incentivados pelos manifestações pró-Palestina na Universidade de Columbia, em Nova Iorque, os alunos da SciencesPo Paris, na França, que hospeda um programa de graduação dupla com a faculdade norte-americana, montaram nesta quarta-feira (24/04) um acampamento de protesto em solidariedade à Gaza.
O ato, chamado pelo Comitê Palestino da SciencesPo, ocorreu no campus de Saint Thomas, teve início às 19h locais (madrugada desta quinta-feira 25/04 no Brasil) e teve música, gritos de protesto, comidas, bandeiras palestinas e cartazes contra a ofensiva de Israel na Faixa de Gaza, que já deixou mais de 34 mil mortos.
“O SciencePo Paris está ocupado! A universidade líder para os políticos da França, que educa todos os presidentes da nação, está do lado certo da história ao ocupar o campus até que nossas demandas sejam atendidas”, escreveu o coletivo nas redes sociais.
O Comitê Palestino da SciencesPo exige que a universidade “garanta segurança no campus para proteger todos os estudantes palestinos e pró-palestinos”, além de “apoio inabalável” à causa palestina e condenação das ações de Israel em Gaza.
“Defendemos a interrupção de quaisquer parcerias ou colaborações com instituições ou entidades que defendem ideologias sionistas, que perpetuam a opressão e a injustiça sistêmicas contra o povo palestino”, completa o coletivo de estudantes.
As demandas do coletivo não foram redigidas na manifestação desta quarta-feira (24/04), uma vez que esse não é o primeiro ato pela liberdade palestina organizada na faculdade francesa.
Os alunos têm organizado protestos contra o genocídio promovido por Israel em Gaza desde o início do conflito, em setembro de 2023, e redigiram suas exigências no último fevereiro.
Por sua vez, Maryan Alwan, uma das alunas da Universidade de Columbia, em Nova Iorque, que foi inclusive detida pela polícia ao participar dos protestos no campus de Morningside contra a guerra em Gaza e o financiamento norte-americano para a violência na região, escreveu sobre o ato parceiro na França:
“SciencesPo Paris, a melhor universidade da França que hospeda um programa de graduação dupla com a Columbia, acaba de lançar um acampamento de solidariedade à Gaza. Isto marca oficialmente a propagação dos protestos para a Europa. Estou incrivelmente orgulhosa dos meus colegas”.
Além de comemorar a parceria nos protestos pela paz em Gaza, a estudante Alwan também usou as suas redes sociais para denunciar que, como na Columbia, o ato não foi livre da violência policial.
“Menos de 4 horas depois de ter sido montado um acampamento em solidariedade à Palestina, a SciencePo Paris soltou a polícia sobre os seus estudantes, arrastando-os pelas mãos e pelos pés”, afirmou.
Resgatando que mais de cem estudantes de Columbia foram detidos nas manifestações desde a última sexta-feira (19/04), Alwan declarou que “as instituições violentas mostram as suas verdades enquanto protegem a viabilidade moribunda dos seus investimentos”.
Manifestações pela liberdade palestina foram registradas também na Universidade de Nova Iorque, em Manhattan, Yale, em Connecticut, Sul da Califórnia, em Los Angeles, e Texas, em Austin. Em todos os locais os alunos sofreram com violência policial.
O protesto na Universidade de Nova Iorque e em Yale terminou após a polícia deter diversos alunos na noite desta segunda-feira (22/04). Em Yale, a polícia deteve pelo menos 47 manifestantes, segundo o jornal estudantil Yale Daily News. Todos foram acusados de crime de contravenção e de invasão de propriedade e foram liberados, mas devem comparecer ao tribunal.
Esses incidentes ocorreram logo depois que a Universidade de Columbia decidiu cancelar as aulas presenciais e fechar o acesso ao campus.
Embora tenha havido tensões iniciais entre as forças de segurança e os estudantes que protestavam na Universidade do Sul da Califórnia, à tarde os manifestantes passaram a ser detidos sem incidentes, enquanto helicópteros sobrevoavam a área.
Policiais cercaram o grupo de manifestantes, que se sentaram desafiando o aviso prévio para se dispersarem ou serem presos. O confronto fez com que a universidade fechasse o campus.