Nesta última quinta-feira (5), foram inauguradas, em São Paulo, duas importantes mostras cinematográficas: a 8ª Mostra de Cinema Chinês e a 9ª Mostra Mosfilm de Cinema Soviético e Russo.
Com a presença de membros do corpo diplomático de ambos os países, além de estudiosos e entusiastas do cinema, as mostras acontecem em um contexto particularmente significativo. No dia 1º de outubro, a China celebrou os 74 anos da proclamação da República Popular. Por sua vez, a Rússia, no dia 3 de outubro, marcou os 195 anos do estabelecimento de relações diplomáticas com o Brasil.
8ª Mostra de Cinema Chinês
Promovido pelo Instituto Confúcio da UNESP, Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, Universidade de Hubei e a Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, o evento deste ano tem como tema “Em Busca pela Luz”, uma homenagem à sabedoria da civilização e à esperança no futuro. Vale destacar que o Instituto Confúcio da UNESP, o primeiro da América do Sul, completa 15 anos de existência.
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Durante a abertura do festival, o novo Cônsul-Geral da China em São Paulo, Yu Peng, enfatizou a determinação de Brasil e China em superar desafios conjuntamente e fortalecer os laços entre ambos os países. Em seguida, Jiang Tao, vice-reitor da Universidade de Hubei, enviou uma saudação em vídeo. Ele ressaltou que, ao longo dos anos, a instituição enviou ao Brasil 150 professores voluntários e recebeu milhares de estudantes brasileiros em cursos intensivos.
A mostra, em exibição na Sala Spcine Lima Barreto do Centro Cultural São Paulo – CCSP, apresenta 12 filmes chineses aclamados pelo público doméstico e internacional. A seleção fica a cargo de Shi Wenxue, mestre em Ciências do Cinema e membro do comitê de seleção do Festival Internacional de Cinema de Pequim, juntamente com Lilith Li, ex-coordenadora do Festival Internacional de Cinema de Macau.
Desde sua inauguração em 2015, a Mostra de Cinema Chinês já exibiu mais de 90 filmes, atraindo um público de aproximadamente 35 mil pessoas. Este ano, o foco são obras que retratam as transformações na sociedade chinesa, especialmente em relação aos valores familiares. Segundo Thiago Braz, diretor do Instituto Confúcio, tais filmes ilustram o cotidiano atual do povo chinês e contribuem para desmistificar estereótipos.
O filme que inaugura a mostra, “Cordão da Vida” (2022), marca a estreia da diretora Qiao Sixue. A obra narra a trajetória de Arus, um artista de música eletrônica, e sua mãe, diagnosticada com Alzheimer. A narrativa os conduz de volta às pradarias ancestrais da Mongólia Interior, região autônoma situada ao norte da China. Em sua jornada, mãe e filho estão conectados por um cordão, tanto físico quanto metafórico, simbolizando laços intergeracionais e culturais.
9ª Mostra Mosfilm de Cinema Soviético e Russo
Promovida em parceria entre o Estúdio Mosfilm, o mais antigo da Europa, e a distribuidora CPC-UMES Filmes, a mostra deste ano será realizada em dois finais de semana, exibindo 14 filmes representativos do cinema soviético e russo. As obras variam desde “O Fim de São Petersburgo” (1927), dirigido por Vsevolod Pudovkin, passando pelo renomado “O Espelho” (1975) de Andrei Tarkovsky, até produções recentes como “Nuremberg” (2023) de Nikolai Lebedev e o sucesso de bilheteria “Khitrovka. O Signo dos Quatro” (2023), sob direção de Karen Shakhnazarov.
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Em exibição na sala Grande Otelo da Cinemateca Brasileira, a abertura contou com uma mensagem gravada de Karen Shakhnazarov, diretor geral do Estúdio Mosfilm e diretor do filme que deu início às exibições da mostra. De acordo com Shakhnazarov, esse tipo de festival evidencia que, apesar da distância geográfica, Brasil e Rússia mantêm-se próximos em espírito. Representando o corpo diplomático da Federação Russa no Brasil, o Cônsul-Geral Adjunto da Rússia em São Paulo, Alexey Blinov, salientou os avanços e as parcerias estratégicas entre Brasil e Rússia, celebrados pelo aniversário de 195 anos de relações no último dia 3 de outubro.
A mostra traz 14 longa-metragens e uma média-metragem, “O Rolo Compressor e o Violinista” (1960), obra de conclusão de Andrei Tarkovsky em sua graduação no Instituto Estatal de Cinema (VGIK). Há também o Especial América Latina, que traz filmes produzidos na União Soviética, retratando as ditaduras que marcaram a América Latina na segunda metade do século passado, bem como as resistências que as combateram.
A obra de Karen Shakhnazarov, “Khitrova. O Signo dos Quatro” (2023), inaugurou a mostra. Com um enredo bem-humorado de mistério, a trama ambientada em 1902 adapta o conto “O Signo dos Quatro”, pertencente à série Sherlock Holmes de Arthur Conan Doyle. No filme, o protagonismo recai sobre o diretor do Teatro de Arte de Moscou, Konstantin Stanislavsky, e o escritor e jornalista Vladimir Gilyarovsky. Ambos visitam a periferia de Moscou, no bairro de Khitrovka, para captar inspirações para a peça “O Submundo”, de Maksim Gorky. Inesperadamente, a dupla se vê envolvida na investigação de um intrigante assassinato.
Além dos filmes, a mostra apresenta a exposição “As Matryoshkas”, da artista Nadia Ramirez Starikoff, e uma coleção de pôsteres do cinema soviético e russo. A programação do evento inclui também, nos dias 7 e 14 de outubro, oficinas de matryoshkas, aulas de russo e um coquetel com pratos e bebidas tradicionais russas.