O pacote protecionista imposto pelos EUA contra produtos da indústria de nova energia da China “beira a loucura”. Essa é a análise do principal diplomata chinês, o ministro das Relações Exteriores Wang Yi.
Ele fez a declaração em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (15), após a quinta rodada do Diálogo Estratégico entre Ministros das Relações Exteriores da China e do Paquistão, em Pequim, capital nacional da China.
“Nas últimas semanas e meses, o mundo viu os Estados Unidos imporem frequentemente sanções unilaterais, abusarem do processo de revisão tarifária da Seção 301 e liderarem uma campanha contra as normais atividades comerciais, econômicas e tecnológicas da China, que beira a loucura. Este é um caso típico de hegemonismo e bullying”, comentou.
Wang, que também integra o Bureau Político do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCCh), conversou com jornalistas junto com o vice-primeiro-ministro e chanceler do Paquistão, Mohammad Ishaq Dar.
Na entrevista, o chanceler chinês foi questionado sobre as recentes sanções unilaterais e aumentos tarifários impostos pelos Estados Unidos aos produtos chineses.
O diplomata comentou ainda que, ao que parece “alguns nos Estados Unidos perderam a razão em uma busca para garantir a supremacia unipolar dos EUA”.
“Tomar ações inescrupulosas contra a China não prova a força dos Estados Unidos, mas apenas revela que os Estados Unidos perderam confiança e direção. Não resolve os próprios problemas dos EUA, mas impede ainda mais o funcionamento normal das cadeias industriais e de suprimentos globais. Não vai parar o desenvolvimento e rejuvenescimento da China, mas apenas estimulará os 1,4 bilhão de chineses a seguir em frente com maior determinação”, observou.
Wang citou que a Organização Mundial do Comércio (OMC) chegou a uma conclusão clara de que as tarifas da Seção 301 dos EUA violam as regras da entidade e o direito internacional.
“Pessoas com conhecimento básico de comércio internacional acreditam que as ações dos EUA prejudicam outros, bem como os próprios Estados Unidos. Como um dos fundadores da OMC, os Estados Unidos não apenas falharam em ser um modelo de conformidade com as regras da OMC, mas lideraram a violação delas; não apenas recusaram corrigir seus erros, mas continuaram cometendo ainda mais erros. Isso é “competição justa” que os Estados Unidos defendem? Como os EUA mantêm sua credibilidade na comunidade internacional?”, questionou.
O chanceler chinês também enfatizou que o unilateralismo e o protecionismo vão contra a tendência dos tempos e estão destinados a ser esmagados pelas rodas da história. Neste momento crucial para a recuperação econômica global, a comunidade internacional precisa dizer aos Estados Unidos: pare de causar mais problemas para o mundo.
Entenda as medidas dos EUA contra a China
Em uma das maiores medidas anunciadas nesta terça-feira (14), os EUA vão quadruplicar a tarifa sobre veículos elétricos chineses, passar de 25% para 100% este ano. Também triplicará a taxa sobre importações de aço e alumínio. A taxa sobre chips chineses será dobrada a partir de 2025, e a tarifa sobre células solares será dobrada este ano para 50%.
A Casa Branca afirmou que 18 bilhões de dólares em bens chineses seriam afetados pelos aumentos, que foram “cuidadosamente direcionados a setores estratégicos” e projetados para dar tempo às empresas do país de enfrentar a concorrência em tecnologia verde.
Apenas 2% das importações de veículos elétricos dos EUA vêm da China, de acordo com o CSIS, um think-tank. Mas as tarifas mais altas são projetadas para tornar ainda mais difícil para a China ganhar uma posição real.
Na fact sheet (ficha informativa) divulgada por Washington as medidas anunciadas estão centradas em três eixos:
- Proteção ao Trabalhador dos EUA: Iniciativas destinadas a salvaguardar empregos e indústrias locais das práticas consideradas desleais por parte da China.
- Defesa do Setor Empresarial: Medidas implementadas para fortalecer empresas americanas frente à concorrência internacional predatória.
- Combate ao Comércio Injusto: Estratégias adotadas para equilibrar a balança comercial e promover uma concorrência leal.
Leia aqui o informe da Casa Branca em inglês.