Publicado ontem o direito de resposta de Hang em que ele contesta a reportagem “Abin produziu relatório questionando lisura da fortuna do dono da Havan”, de 22 de junho. A publicação ocorreu após Hang entrar na Justiça de Brusque, cidade que sedia sua empresa, a Havan, contra o UOL e o autor da reportagem, o jornalista Lucas Valença.
“Declaro que recebi, na qualidade de senador e relator da CPI da Pandemia, o mesmo conteúdo do relatório classificado como elaborado pela Abin acerca do empresário Luciano Hang e publicado pelo portal UOL”, disse Renan em carta enviada a Tales Faria, chefe de reportagem de UOL Notícias em Brasília.
Em 6 de agosto, o juiz Gilberto Gomes de Oliveira Junior, da Vara Cível do município, aceitou os argumentos de Hang e determinou liminarmente a publicação do direito de resposta, sob pena de multa diária de R$ 10 mil, até o limite de até R$ 200 mil.
O UOL recorreu ao Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Em 10 de agosto, o desembargador Saul Steil analisou o caso e proferiu decisão em que cassou a medida liminar concedida pelo magistrado da 1ª instância. Dias depois, porém, durante as férias de Steil, a também desembargadora Maria do Rocio Luz Santa Ritta reformou a decisão do colega, determinando a publicação do direito de resposta.
A reportagem do UOL passou por todos os trâmites de checagem e de confiabilidade exigidos para a prática do bom jornalismo. O repórter recebeu o documento de um integrante da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), confirmou com outro membro do órgão de inteligência e rechecou a veracidade com um delegado da PF (Polícia Federal). As fontes pediram sigilo por medo de represálias.
Todos os dados contidos no relatório da Abin também foram checados e confirmados pelo repórter, já que nele não há informações sigilosas.
Três fontes consultadas pela reportagem, sob a condição de anonimato, explicaram que o documento não possui logos da agência porque agentes da Abin não costumam usar papel timbrado em relatórios de inteligência extraoficiais, como é o caso deste informativo ao presidente da República. Além disso, a ausência de logo facilita a não-vinculação do papel ao órgão em caso de vazamento.
A negativa da Abin é praxe quando a imprensa tem acesso a algum documento produzido pelo órgão. Em dezembro do ano passado, por exemplo, a mesma agência negou a existência de relatórios de inteligência que orientavam a defesa de Flávio Bolsonaro sobre como obter provas para anular o caso Queiroz.