A Anatel anunciou nesta quinta-feira (4) que as 15 propostas oferecidas pelas empresas e consórcios para o leilão do 5G estão habilitadas para o processo. O órgão realiza hoje a etapa para definir quais deles poderão explorar as faixas de frequência que a tecnologia de quinta geração funcionará.
A Agência irá abrir os envelopes com todas as ofertas e analisará uma por uma. O fim do leilão pode acontecer entre hoje e amanhã (5).
As organizações vencedoras terão o direito de explorar e vender serviços 5G para consumidores (internet promete ser 20 vezes mais rápida), como já se faz atualmente com o 4G, por exemplo. O funcionamento em grande escala da internet de quinta geração está previsto para começar a partir de julho de 2022.
Quatro faixas de frequência serão leiloadas no processo: 700 MHz, 2,3 GHz, 3,5 GHz e 26 GHz. Em uma analogia, é como se cada sinal ocupasse uma faixa de uma rodovia. Esses “caminhos” serão usados para ativar o 5G e ampliar a rede 4G no Brasil.
A de 3,5 Ghz é a mais visada do 5G.
“A faixa de 700 MHz já tem parte ocupada por um leilão feito em 2014. Parte das contrapartidas [do edital] envolve obrigações de coberturas [disponibilizar rede de internet] em estradas em 31 mil km de rodovias e conexão de 625 localidades sem 4G”, explicou Fabro Steibel, diretor executivo do ITS (Instituto de Tecnologia e Sociedade) Rio.
“A faixa é importante para complementar a rede de 3,5 GHz, principalmente em roaming”, acrescentou.
Observe um resumo de cada faixa na imagem abaixo:
Quem são as empresas e consórcios
Existem dois perfis de interessados, como destacou a fala do superintendente Silva. De um lado, estão as operadoras de internet de grande porte, que devem brigar entre elas pelas frequências de 5G mais elevadas, permitindo velocidade maior de conexão.
Do outro, empresas e provedores regionais de internet, mais interessados em frequências menores, de velocidade mais baixa, mas que permitem cobrir grandes áreas.
Ao todo, 15 propostas foram entregues, mas não é possível afirmar que todas elas participarão do processo. A Agência ainda deve verificar se elas entregaram toda a documentação necessária de acordo com o edital.
Se houver pendências, as empresas e consórcios responsáveis podem ser desqualificadas do leilão.
Grupo 1: as grandes
No primeiro grupo, estão a Vivo (marca da Telefônica Brasil), a Tim e a Claro, as três maiores operadoras de telefonia do Brasil.
Nessa lista, também se destaca a Algar Telecom e a Sercomtel, que já oferecem serviços de internet — no caso da segunda companhia, ela tem foco de atuação maior no Paraná, embora a empresa, sediada em Londrina, tenha recebido esse ano autorização da Anatel para operar em todo o Brasil.
Grupo dois: consórcios
Já as empresas que devem competir pelas faixas de frequência menores reúnem um leque diverso de negócios.
A Winity Telecom, por exemplo, pertence ao grupo Patria, um fundo de investimentos com escritórios em múltiplos países. Ela trabalha com estrutura de comunicação sem fio para empresas, assim como a BR.Digital Telecom, do Rio Grande do Sul.
Também do sul vem o Consórcio 5G, uma união entre a Copel (Companhia Paranaense de Energia) e a Unifique, de Santa Catarina, ambas atuantes no ramo das telecomunicações.
Já a VDF também trabalha com estrutura de comunicação sem fio e faz parte do grupo Datora, especializado em internet das coisas (vários eletrônicos conectados ao mesmo tempo) e comunicação entre máquinas.
Há ainda operadoras de internet menores, como a FlyLink, de Uberlândia (MG), e outras novatas, como a Neko, que, embora criada por profissionais experientes na área, surgiu em 2021.
No Nordeste, há duas empresas interessadas na disputa do mercado de 5G.
A primeira é a Brisanet, criada há 22 anos e que atua com serviços de internet e TV em cidades da região. Segundo a companhia, ela tem mais de 14,4 mil quilômetros de infraestrutura de backbone, atendendo Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas.
A segunda é a Highline, representada pela NK108. A empresa finalizou no início deste ano o processo de aquisição de torres móveis de sinal da Oi, operadora em recuperação judicial.
Segundo relatou o jornal Folha de S.Paulo, em setembro, houve um impasse que atrasou o edital do leilão, uma vez que a Highline queria começar a operar o 5G em cidades menores (área onde opera a Brisanet), o que eventualmente foi autorizado.