O presidente da Rússia, Vladimir Putin, pediu nesta quinta-feira aos líderes do grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) que prestem atenção especial à “nova crise” no Afeganistão após a tomada do controle do país por parte do Talibã, o que poderia ameaçar a segurança global e regional.
“A retirada dos Estados Unidos e de seus aliados do Afeganistão gerou uma nova crise, e ainda não está claro como isso afetará a segurança global e regional. Portanto, é um bom motivo para nossos países prestarem atenção especial a esse problema”, disse Putin durante seu discurso de abertura na 13ª cúpula do bloco.
A reunião, realizada virtualmente devido à pandemia da covid-19, contou com a presença dos presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro; Rússia, Vladimir Putin; China, Xi Jinping e África do Sul, Cyril Ramaphosa, além do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi.
O encontro gerou grandes expectativas pois é realizado no contexto da crise no Afeganistão, onde especialmente a China, Rússia e Índia têm interesses geoestratégicos importantes. Putin foi o único presidente a mencionar explicitamente o Afeganistão em seu discurso inicial, durante o qual observou que a situação de segurança no mundo “piorou”.
“Os conflitos regionais excepcionais não pararam, na verdade, eles estouraram novamente e estão se tornando mais violentos”, afirmou. O presidente russo declarou que “o Afeganistão deve deixar de ser uma ameaça aos seus vizinhos, e o seu território não deve ser usado para o narcotráfico e o terrorismo”, questão na qual “todos” os membros do Brics estão interessados.
Por sua vez, Modi disse que os líderes do Brics discutirão “questões globais e regionais importantes” durante a reunião a portas fechadas, sem citar o Afeganistão. A agenda da 13ª cúpula do Brics inclui a reforma do sistema multilateral, o combate ao terrorismo e a utilização de ferramentas digitais e tecnológicas para atingir os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), bem como o impacto da pandemia da covid-19.
A cúpula do Brics deste ano coincide com o 15º aniversário do bloco, inicialmente formado por Brasil, Rússia, Índia e China (Bric) e do qual a África do Sul (Brics) participa desde 2011.