Linha de produção de jatos Gripen pode converter Brasil em centro de exportação na América Latina

Na terça-feira (9), a brasileira Embraer e a sueca Saab lançaram uma linha de produção para jatos de combate Gripen no Brasil.

O analista argentino em tema de Defesa Juan José Roldán afirmou à Sputnik que a inauguração desta linha de produção dos jatos F-39 Gripen demonstra a capacidade do Brasil de modernizar sua Força Aérea com as aeronaves mais avançadas da região.

“Embora a aeronave conte com partes fabricadas no Brasil e outras no exterior, o país sul-americano começará a participar nas fases de desenvolvimento, produção e teste, convertendo-se em um dos pouco países do mundo a fabricarem caças avançados”, afirma o especialista.

A nova linha de produção permitirá a montagem da aeronave diretamente em São Paulo, onde também serão realizados os testes de fábrica dos jatos.

Para o especialista, o Gripen será o caça mais avançado dos países sul-americanos, e o único comparável aos caças F-16 da Força Aérea chilena.

Abrigando caças avançados, a região ainda conta com o avançado caça Su-30MK2 da Força Aérea da Venezuela, destacou o especialista.

O acordo de US$ 4,5 bilhões (R$ 22,3 bilhões) premiará o Brasil não apenas com as 36 novas aeronaves a partir de 2025, mas também com a transferência de tecnologia e conhecimento da sueca Saab.

De acordo com Roldán, apesar de o acordo envolver 36 aeronaves, o país sul-americano ainda poderia adquirir mais quatro jatos e até mesmo avaliar a compra de um lote adicional de mais 30 aviões de combate.

“Isso demonstra que o Brasil tem capacidade política de Estado em termos de Defesa”, valorizou o especialista argentino, recordando que o acordo com a Saab começou durante o último governo de Luiz Inácio Lula da Silva, sem ser interrompido pela administração de Jair Bolsonaro.

O especialista acredita que, além de poder aumentar a quantidade de componentes produzidos em seu território, o Brasil poderia aproveitar suas novas capacidades para virar referência na exportação destas aeronaves a outros países da região.

A Argentina e a Colômbia, por exemplo, estão em processo de renovação de frota, e este mercado poderá ser explorado pelo Brasil, já que os custos de suas aeronaves seriam mais baixos devido ao fato de serem países vizinhos.

Contudo, o especialista ressalta que esta não seria uma tarefa fácil, pois alguns componentes da aeronave sueca são fabricados pelo Reino Unido, que não autoriza a venda de seus componentes à Argentina desde a guerra das Malvinas de 1982.

O Brasil possui um contrato envolvendo 36 jatos Gripen com a Saab, sendo que 15 deles serão produzidos na fábrica da Embraer em Gavião Peixoto, São Paulo, por meio de um acordo de transferência de tecnologia, com o primeiro a ser entregue em 2025.