Políticos da base de Bolsonaro estiveram presentes em evento que promoveu “Independência de Taiwan”

Políticos da base de apoio de Jair Bolsonaro mandam sinal inadequado à China ao participar de evento que promoveu "independência de Taiwan" em São Paulo. Encontro foi criticado por diversas associações de chineses do Brasil.

O Escritório de Taipei realizou um evento a portas fechadas em São Paulo nesta última sexta (7 de Outubro) com políticos liberais da base de apoio do presidente Jair Bolsonaro. O evento é parte das comemorações pelo 10 de Outubro, data da Revolução Xinhai que encerrou a dinastia Qing e estabeleceu o primeiro governo republicano.

Convocado como “Dia Nacional” pelo Escritório de Taipei, a realização do evento está sendo repudiada por milhares de chineses que vivem no Brasil, que acusam o Escritório de violar o princípio de Uma China e promover “duas Chinas” ou ainda “uma China, uma Taiwan”. Segundo declaração publicada pela Associação Geral Promovedora de Unificação Pacífica da China no Brasil, a convocação seria para um “Pseudo-Dia Nacional”:

“Este “Dia Nacional” é completamente um pseudo-“Dia Nacional”. Como todos sabem, Taiwan é parte integrante do território da China, e o Governo da República Popular da China é o único governo legítimo representando a China, como reconhecido na Carta das Nações Unidas.”

O texto faz menção à uma confusão feita propositalmente: Na China continental, comemora-se o Dia Nacional em Primeiro de Outubro, dia da fundação da República Popular da China que pôs fim à Guerra Civil que durou de 1927 a 1949. Já o Escritório de Taipei convocou para o “Dia Nacional” em 10 de Outubro, alternando o sentido da data que marca a vitória da Revolução Xinhai comemorada oficial e historicamente por ambos lados do Estreito de Taiwan.

Com o apoio de forças externas que visam desestabilizar e atrasar a reunificação nacional, tida pelos chineses como uma “tendência histórica irresistível”, o Escritório de Taipei tenta incentivar as forças da “independência de Taiwan” ao transformar o Dia 10 de Outubro em uma data separatista.

Políticos ligados à base de sustentação de Jair Bolsonaro e parlamentares de seu partido estiveram no evento. Da ALESP estiveram os deputados estaduais Janaina Paschoal (PRTB), Damaris Moura (PSDB) e Bruno Zambelli (PL). Pela câmara federal, quem marcou presença foi o monarquista Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL). O vereador de São Bernardo do Campo Hiroyuki Minami (PSDB) também atendeu ao convite do Luis K. J. Fong, diretor representante do Escritório de Taipei em São Paulo.

Signatário da Carta das Nações Unidas, o Brasil segue a Resolução 2.758 da Assembleia das Nações Unidas, aprovada em 1971, que reconhece a República Popular da China como “único representante legítimo da China perante as Nações Unidas.”

A presença de figuras proeminentes da política brasileira nesse tipo de evento manda um sinal inadequado à diplomacia chinesa, sobretudo dado o recente histórico conturbado nas relações entre Brasil e China por declarações infelizes de Ministros de Estado. Nos últimos anos, a conspiração de forças externas favoráveis à secessão tem sido um tema recorrente nas coletivas regulares realizadas pelo Ministério das Relações Exteriores da China.

Leia a declaração na íntegra:

https://china.org.br/declaracao-da-associacao-geral-promovedora-de-unificacao-pacifica-da-china-no-brasil-sobre-as-comemoracoes-do-10-de-outubro/

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