Após um intervalo de sete anos, o Salão Internacional do Automóvel de São Paulo voltou ao calendário com um cenário automotivo em plena transformação: mais veículos elétricos, mais soluções digitais e um reposicionamento claro no mapa global da indústria, agora com forte protagonismo das marcas chinesas. Na 31ª edição, o pavilhão reuniu clássicos, superesportivos, lançamentos convencionais e uma geração de modelos híbridos e 100% elétricos, confirmando que a paixão do brasileiro por automóveis segue intacta, mas vem ganhando novos contornos tecnológicos.
Entre os corredores lotados, a presença chinesa foi o elemento que mais se destacou. Montadoras do país asiático ocuparam grandes áreas do salão, apresentando novidades em diferentes faixas de preço e segmentos, enquanto algumas marcas tradicionais europeias, que costumavam dominar os holofotes, ficaram de fora desta edição. “Me surpreendeu a quantidade de lançamentos e novas empresas chinesas vindo para o mercado. Para nós, como consumidor, isso é muito bom, porque a gente passa a ter carros mais acessíveis, mais competitivos, com mais tecnologia e fazendo as marcas se equilibrarem um pouco mais em preços”, avaliou o piloto de drift João Barion.
O movimento é acompanhado de perto pelo setor de eletromobilidade no Brasil. De acordo com Ricardo Bastos, presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), o retorno do salão reforçou essa mudança estrutural. “Depois de 7 anos sem um evento como este, o Brasil retoma a ter um salão. E uma presença maciça da indústria automobilística chinesa. Estamos aqui com a presença de várias montadoras, colocando seus produtos, seus carros e muita tecnologia. A frequência do público aqui está muito grande. Temos dias com mais de 50 mil pessoas visitando aqui e todas elas conhecendo e vendo os produtos chineses”, destacou.
O interesse do público não se restringiu aos carros que rodam no asfalto. Uma das atrações mais comentadas foi um drone tripulado apresentado pela GAC, que simboliza a convergência entre mobilidade terrestre e aérea. “Esta é a menor aeronave de dois lugares com um alcance de 30 km; a maior é uma aeronave de cinco lugares com um alcance de 200 km. Espera-se que a aeronave obtenha certificados de aeronavegabilidade na China no próximo ano, permitindo voar em espaço aéreo abaixo de 1000 m. Eles terão um piloto automático de nível 4, substituindo completamente operações complexas e não exigindo licença de piloto. O carregamento é rápido, chegando a 80% em apenas 30 minutos. Os veículos elétricos podem deixar a terra, levando a viagem a uma nova altura”, explicou Lyu Guojie, vice-presidente da GAC International.
Na disputa pelo segmento premium, a linha de luxo Denza, da BYD, marcou presença e simbolizou o avanço chinês em faixas de preço tradicionalmente dominadas por europeus. Outras marcas, como Omoda e Leapmotor, aproveitaram o salão para sua primeira grande apresentação ao consumidor brasileiro, posicionando-se em nichos que vão de SUVs familiares a sedãs tecnológicos. O visitante Samuel Vasconcelos resumiu o impacto da nova geração de modelos ao comentar o interesse pelo Seal, da BYD: “É um carro fantástico. Um dos representantes da marca disse que é uma possível tendência para vir para o Brasil, porque tem sido um dos carros mais visitados da feira. E um carro extremamente tecnológico, gostei bastante do veículo e eu acho que é um carro promissor.”
Além dos estandes estáticos, a pista de test-drive permitiu que o público experimentasse, na prática, veículos elétricos silenciosos, SUVs robustos e modelos inéditos no país — para muitos, a primeira experiência ao volante de um carro totalmente elétrico. Ao fim da edição de 2025, duas certezas ficaram mais claras: o brasileiro continua profundamente apaixonado por automóveis e, cada vez mais, essa paixão passa pela tecnologia, pela eletrificação e pela chegada de novas marcas chinesas que tratam o futuro da mobilidade como um presente em rápida expansão.













