Lula participa de posse de Dilma como nova presidente do NDB

O presidente Lula iniciou sua agenda na China celebrando a posse da ex-presidenta do Brasil como presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento, o Banco dos BRICS, que tem como objetivo principal promover a infraestrutura em países em desenvolvimento

Reunião com a Presidência do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), Dilma Rousseff. Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) - Xangai - China. (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Nesta quinta-feira, 13 (horário local), a ex-presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, foi empossada como Presidenta do NDB (Novo Banco de Desenvolvimento), acompanhada pelo presidente Lula, em Shanghai.

A posse de Dilma no NDB, braço financeiro dos BRICS, é um marco para a ex-presidenta, que sofreu um impeachment em 2016. O processo foi questionado por países, organizações internacionais e lideranças políticas e considerado um golpe, em razão de não ter apresentado provas concretas de crime de responsabilidade, além de ter sido marcado por irregularidades.

Desde então, Dilma tem ganhado espaço em fóruns internacionais, atuando em defesa da Democracia e dos Direitos Humanos. Sua posse no NDB, que tem por objetivo financiar projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável nos países-membros dos BRICS, é um reconhecimento desta atuação.

Durante a cerimônia, Dilma iniciou seu discurso agradecendo a Lula pela presença, assim como pela apresentação de sua candidatura à presidência do NDB. Ela também destacou a importância do papel que o atual presidente do Brasil tem como líder regional e global na promoção do desenvolvimento internacional.

Dilma falou da importância do apoio mútuo entre países emergentes e do respeito pela soberania:

“A criação do NDB é um reflexo do crescente papel dos BRICS no mundo, e da necessidade dos países em desenvolvimento se apoiarem. O acordo constitutivo do NDB estabeleceu a visão de um desenvolvimento compartilhado, que respeite e afirme a soberania de cada país. O banco surge como uma verdadeira plataforma de cooperação de economias emergentes, em que as condicionalidades não fazem parte do menu de soluções. Não se imporá condições extra financeiras.”

Ela destacou, além disso, a importância do multilateralismo:

“A fundação do NDB pelos BRICS, além de um acontecimento histórico, é uma demonstração da importância da relação desses países e de seu compromisso compartilhado com o multilateralismo e a cooperação sul-sul, em um mundo que atravessa profundas transformações.”

O presidente Lula, em seu discurso, ressaltou a importância de ter uma mulher à frente do NDB, e comentou brevemente a trajetória da presidente. Sobre o papel do NDB, disse:

“A criação deste Banco mostra que a união de países emergentes é capaz de gerar mudanças sociais e econômicas relevantes para o mundo. Não queremos ser melhores do que ninguém. Queremos as oportunidades para expandirmos nossas potencialidades, e garantir aos nossos povos dignidade, cidadania e qualidade de vida.”

Saindo um pouco do discurso programado, Lula criticou bancos e o Fundo Monetário Internacional: “[O FMI] quando empresta dinheiro para um país de terceiro mundo ou qualquer outro banco quando empresta para outro país do terceiro mundo, as pessoas se sentem no direito de mandar, de administrar a conta do país”.

Ele também criticou a dependência que os países têm em relação ao dólar, e defendeu projetos que visem à utilização de moedas locais.

Participaram também da cerimônia Vladimir Kazbekov, vice-presidente de operações e Qiangwu Zhou, vice-presidente administrativo, ambos também do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB).

A atividade foi encerrada com um almoço oferecido pela presidenta do NDB ao presidente do Brasil.

*Edição: Thayna Zanocco