Investigado por espionagem, Mauricio Macri é proibido de deixar Argentina

O caso, que obriga o ex-presidente a depor no dia 7 de outubro, está relacionado às famílias dos tripulantes de um submarino que naufragou em 2017

Mauricio Macri, que presidiu a Argentina de 2015 a 2019, está proibido de deixar o país. Ele deverá depor na quinta-feira (7), em um processo que apura a suposta espionagem de parentes dos tripulantes do submarino ARA San Juan, que naufragou em 2017, com 44 pessoas a bordo.

Martín Bava, juiz federal da cidade de Dolores, foi responsável pela decisão de proibir Macri, suspeito de ter articulado o esquema, de deixar o país, de acordo com informações do La Nacion.

Próximo de Jair Bolsonaro, o ex-presidente argentino, que está nos Estados Unidos desde o dia 25 de setembro, soube pela imprensa que terá de testemunhar. Ele não se pronunciou sobre o assunto, mas integrantes da sua aliança Juntos pela Mudança chamaram a decisão judicial de “alarmante” e afirmam se tratar de uma “operação” política da Casa Rosada.

Conforme a denúncia da interventora da Agência Federal de Inteligência (AFI), Cristina Caamaño, enquanto as operações de busca e resgate estavam em curso, a AFI espionou as manifestações realizadas em Mar del Plata por parentes e amigos dos tripulantes.

Além de Macri, Bava exige, ainda, esclarecimentos de Gustavo Arribas e Silvia Majdalani, ex-diretor e ex-vice-diretora da AFI.

Em 15 de novembro de 2017, um dos três submarinos da frota argentina, o ARA San Juan, de fabricação alemã, perdeu contato, a 450 km da costa da Patagônia. As operações de busca envolveram 13 países e, uma quinzena depois do desaparecimento, a Marinha argentina declarou que não havia mais esperança de encontrar pessoas com vida.

Cm o objetivo de pressionar o governo Macri a não desistir das buscas, familiares dos tripulantes acamparam por 52 dias em frente à Casa Rosada.

Com isso, o governo resolveu contratar a empresa estadunidense Ocean Infinity para retomar a procura pelos tripulantes. Os destroços foram achados um ano depois do naufrágio, em novembro de 2018.

“Não apenas as autoridades máximas da Agência Federal de Inteligência estavam plenamente cientes das ações ilegais que cometeram em Mar del Plata, mas também as transmitiram ao presidente. É outra evidência que mostra como o então presidente, Mauricio Macri, tinha plena consciência do interesse especial e da fiscalização da Agência Federal de Inteligência direcionada aos parentes dos tripulantes”, relatou o juiz Martín Bava.

Proibição

O magistrado determinou, ainda, que Macri, enquanto presidente da República, deve responder por ter “ordenado e possibilitado a realização sistemática de tarefas de Inteligência expressamente proibidas pela Lei 25.520”.

A legislação proíbe o governo de espionar, armazenar dados ou produzir inteligência sobre pessoas devido a suas opiniões políticas ou filiações sociais, partidárias, sindicais ou comunitárias.

“As ações buscavam influenciar a situação político-institucional do país, especialmente no que diz respeito aos protestos relativos ao naufrágio do submarino e a consequente morte de seus parentes [os tripulantes], bem como buscar conhecer as suas atividades, os locais onde se encontravam, dados pessoais e daqueles a seu redor”, destacou Bava.

Contrabando

Em julho de 2021, o Ministério Público da Argentina iniciou oficialmente investigações contra Macri, em razão de denúncia feita pelo governo Alberto Fernández sobre a participação do liberal no golpe da Bolívia.

Correspondências entre as Forças Armadas bolivianas e a Embaixada da Argentina em La Paz mostram o contrabando de armas e munições promovido por Macri.

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