O G20, fórum de cooperação econômica internacional que reúne as 19 maiores economias do mundo, terá seu primeiro encontro sediado no Brasil em novembro deste ano.
A 19ª reunião de cúpula do grupo — o encontro das lideranças — será realizada no Rio de Janeiro, durante os dias 18 e 19 de novembro, no Museu de Arte Moderna. O tema do G2O Brasil 2024 é “Construindo um mundo justo e um planeta sustentável“.
O encontro terá a presença das lideranças de seus 19 países-membros, mais a União Africana e a União Europeia.
Desde 2023, quando o encontro ocorreu na Índia, o Brasil tem presidido o grupo — a função é rotativa e dura o período de um ano. Confira alguns dos temas que devem ser abordados na pauta do governo brasileiro para o encontro:
Combate de desigualdades socioeconômicas
Em discurso a ministros das Relações Exteriores do G20 na sede da ONU, durante os encontros da Assembleia Geral em Nova York, o presidente Lula mencionou a responsabilidade dos países-membros no protagonismo do combate às desigualdades.
Lula enfatizou a importância do combate à fome e à pobreza, que têm sido agravadas pelas consequências das mudanças climáticas.
Em julho, o governo adotou as bases para a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que será divulgada em novembro e deve ser um dos principais temas para o grupo. A Aliança “vai mobilizar recursos técnicos e financeiros” para “políticas públicas” de inclusão social e combate às desigualdades, de acordo com o presidente.
Governança global
Lula também mencionou, durante o encontro na ONU, a necessidade de reformar os círculos de governança responsáveis pelas dinâmicas de poder internacionais, exortando a necessidade de cooperação e multilateralismo em detrimento de “ações unilaterais e arranjos excludentes”.
Ele atribuiu esses problemas às instituições multilaterais desacreditadas, com capacidades de resposta parcas e o enfraquecimento das representatividades que poderiam contribuir com processos decisivos.
A reforma, para ele, é “fundamental e urgente”. O tema da arquitetura financeira internacional, que privilegia o norte global e condena países em desenvolvimento, deve ser novamente abordado durante a cúpula, bem como a taxação de grandes fortunas e a estrutura do comércio internacional.
De acordo com Lula, a OMC (Organização Mundial do Comércio) tem estado “paralisada” devido a certos interesses geopolíticos das potências.
Mudanças climáticas
A ofensiva das mudanças climáticas também deve ser um dos temas mais abordados durante a reunião das lideranças do G20.
De acordo com André Aquino, do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, o tema “está no centro da atenção” do grupo, e o diálogo entre os governos deve ser incentivado a partir da Força-tarefa para Mobilização Global contra a Mudança do Clima, iniciativa do governo brasileiro.
O novo Plano para o Clima do governo deve definir ações para a redução das emissões de gases do efeito estufa (GEE) e para o combate aos incêndios que têm sido frequentes no país nos últimos meses e já destruíram parcela significativa de vegetações nativas importantes para o balanço climático.
A seca histórica do Brasil e o aumento expressivo das queimadas devem ser tratados em tom de autocrítica e chamado à ação — o governo brasileiro já estipulou, nacionalmente, punições para aqueles que praticam o incêndio ilegal de regiões agrícolas (como a expropriação de terras), e deve continuar a incentivar medidas de conscientização.
A Europa, os Estados Unidos e a Ásia também têm registrado temperaturas-recorde, aumento no nível do mar e derretimento de geleiras (que já causam a redefinição de fronteiras territoriais entre países).
Mpox
O tema da saúde pública também deve ser trazido à tona durante o encontro, principalmente devido aos surtos globais de Mpox notificados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Ainda em setembro deste ano, os membros do G20 adotaram uma declaração conjunta acerca do vírus, em que reconheceram a importância de fortalecer a arquitetura global para a sua prevenção e em resposta a pandemias.
Os países desejam seguir “uma resposta internacional clara e coordenada” ao vírus, de acordo com o documento.
O vírus MPXV, causador da Mpox, conhecida como “varíola dos macacos”, é transmitido pelo contato com lesões e secreções de pessoas infectadas.
Até setembro, o Brasil já havia confirmado mais de mil casos de infecção, e mais de 100 mil foram registrados no mundo até agosto, de acordo com a OMS.