G20 no Rio de Janeiro: prefeitos de cidades do mundo buscam financiamentos para combate climático

© Foto / Tomaz Silva / Agência Brasil

O Brasil está prestes a receber a cúpula de chefes de Estado do G20, no Rio de Janeiro. Em meio à atenção internacional, a cidade se prepara para sediar também a cúpula de prefeitos da Urban 20 (U20), evento paralelo destinado à discussão das grandes cidades do grupo.

Esta é a primeira vez que o encontro dos prefeitos ocorre na véspera da reunião dos chefes de Estado. Para receber o grupo, o município do Rio de Janeiro contará com um esquema especial de segurança, realizada conjuntamente pelas forças policiais federais e estaduais, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e o Comando Militar do Leste do Exército, acionado através da Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

Em entrevista coletiva a jornalistas, o presidente do Comitê Rio G20, Lucas Padilha, detalhou que o encontro dos chefes de Estado acontecerá em um reformado Museu de Arte Moderna do Rio (MAM).

O evento poderia ter ocorrido em um centro de convenções ou um resort. A escolha pelo MAM se deu pelo que o Rio de Janeiro quer apresentar aos líderes mundiais, destacou Padilha. “Um lado que não é o folclórico, não é o autoexótico”, disse.

“Muitos países do Sul pegam o que é mais particular, o mais diferente, para mostrar. Não é nossa ideia. Queremos mostrar o que é brasileiro”, disse.

Nesse sentido, o MAM, um museu de arte moderna de arquitetura brutalista com vista para a baía de Guanabara, o Pão de Açúcar, e envolto nos jardins de Burle Marx, que possuem flora de todos os biomas do Brasil, foi a escolha ideal.

Além de reformado, o espaço contará com novas câmera de alta resolução, 360 graus e reconhecimento facial. Ao todo, todos os espaços do evento, desde a região dos hotéis à região portuária onde haverá o U20, serão monitorados por 5 mil câmeras da Secretaria Municipal de Ordem Pública (SEOP).

Cidades buscam financiamento internacional

Um dos pontos-chave do encontro será a discussão sobre a criação de um fundo de garantia financeira para que as cidades captem empréstimos junto a instituições internacionais de fomento, como o Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o banco do BRICS.

Cidades são muitas vezes consideradas pontos de consumo de energia e emissão de poluentes, afirmou Padilha. No entanto, o oposto também pode ser verdade, com municípios trabalhando na geração de energia e criando áreas verdes.

Para isso, as cidades precisam de meios de financiamento para ações de combate climático.

Segundo Padilha, a Comissão Global de Financiamento de Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis Urbanos diagnosticou que um dos principais impeditivos dos municípios em investir nessas infraestruturas é a dificuldade em captar dívida para investimentos públicos. Nesse ponto, inclusive, o Brasil serve de exemplo para outras nações com bancos como a Caixa Econômica e o Banco do Brasil, que fornecem linhas de crédito a municípios.

Outro exemplo de mecanismo financeiro que será discutido no U20 é a criação de créditos de biodiversidade nas cidades, isto é, o lançamento de créditos que estimulem a manutenção de florestas e viveiros importantes para o perímetro urbano.

“A ideia é que maus pagadores da dívida pública possam comprar créditos para pagar uma parte de sua dívida e criar um mercado a partir disso. Não só ajuda a melhorar o rating da cidade, mas é um mercado no qual a prefeitura não coloca dinheiro; ela recebe. E os pegadores recebem um crédito de biodiversidade que pode ser vendido.”

“A natureza é um ativo e precisa ser valorizada”, concluiu Padilha.

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