Na manhã do último sábado, dia 16, foi realizado em São Paulo o 2º Fórum China-Brasil: Intercâmbios e Aprendizagens Mútuas. Com o lema “Novo Consenso, Nova Cooperação, Novo Futuro” e em comemoração aos 30 anos de parceria estratégica, o encontro reuniu especialistas e estudiosos de ambos os países para discutir a importância do intercâmbio cultural nas relações bilaterais.
Novo Consenso
Realizado com vista aos 30 anos de parceria estratégica e antecipando os 50 anos de estabelecimento de relações diplomáticas que serão comemorados no próximo ano, o Grupo de Comunicações Internacionais da China (CICG, na sigla em inglês) presenteou os convidados brasileiros com a versão em português do Volume 4 de “A Governança da China”, coletânea que reúne 109 pronunciamentos do presidente da China, Xi Jinping, emitidos entre fevereiro de 2020 e maio de 2022. Além disso, foram apresentados relatórios sobre o desempenho da revista “China Hoje” em português e uma análise oficial do “Relatório de Pesquisa sobre o Conhecimento Cultural Mútuo entre as Gerações Z Chinesa e Brasileira”.
O Coordenador-Geral de Assuntos Internacionais do Ministério da Cultura, Vinicius Gürtler da Rosa, comentou que, embora as pessoas frequentemente falem sobre a cooperação econômica e comercial entre o Brasil e a China, o intercâmbio cultural é igualmente importante, pois “pode elevar as relações Brasil-China qualitativamente e enriquecer a nossa parceria estratégica”.
Para o Vice-Presidente do CICG, Liu Dawei, há uma necessidade de inovação no intercâmbio entre os dois países, e destacou o papel da mídia, think tanks e empresas, que devem adotar novas tecnologias para aprimorar a eficácia da comunicação. O vice-presidente do grupo ressaltou também a necessidade de um aprimoramento dinâmico e contínuo na forma como se entrega a informação, o que “enriquece o conteúdo e fortalece a confiança e amizade entre os dois povos”, segundo ele.
Nova Cooperação
Em 24 de agosto, o Governador do Estado do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, recebeu a CRRC, empresa chinesa de fabricação de trens, para cooperar na construção das obras da Linha 3 do Metrô. Com atuação no Brasil desde 2008, a CRRC já forneceu 604 veículos ferroviários para o Estado do Rio. Hoje, a empresa também está fomentando oportunidades com a construção de cidades inteligentes.
“A parceria tem se aprofundado, e os produtos da CRRC estão cada vez mais presentes na sociedade e no povo brasileiro”, disse Sun Yongcai, presidente da CRRC. “A CRRC espera integrar a Iniciativa Cinturão e Rota com a estratégia de Reindustrialização do Brasil, aumentando qualitativamente a produção para o Brasil e expandindo os benefícios da cooperação Brasil-China para novas áreas.”
Entre as instituições brasileiras de ensino superior e think tanks, a Fundação Getúlio Vargas foi a primeira a estabelecer uma instituição para estudar as relações bilaterais entre o Brasil e a China. Desta vez, o Centro de Comunicação das Américas do CICG e a FGV pesquisaram em conjunto a consciência cultural entre as gerações Z da China e do Brasil.
“Apesar da distância geográfica e das enormes diferenças culturais entre China e Brasil, há complementaridades entre os dois países que podem beneficiar tanto o seu desenvolvimento quanto suas populações”, disse Rodrigo Vianna, Coordenador Executivo de Pesquisa e Desenvolvimento da Escola de Direito da FGV. Rodrigo expressou ainda o interesse da FGV em continuar cooperando com instituições chinesas para aprofundar a parceria.
Nos últimos anos, o Museu Nacional da China e o Museu Nacional da UFRJ têm realizado ações em conjunto de aquisição de arte, exposições e pesquisa, mostrando a força cultural dos BRICS. “A pintura de paisagem chinesa e a pintura de selva tropical brasileira, a ópera de Pequim e o samba brasileiro, mostram as buscas estéticas únicas de ambos os povos”, disse Wu Weishan, diretor do Museu Nacional da China. Ele acrescentou que, ao apreciar, aprender e compartilhar a arte um do outro, os povos chinês e brasileiro podem aprofundar sua compreensão das tradições culturais, históricas e valores uns dos outros.
Novo Futuro
O embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, enviou uma saudação de vídeo ao encontro. Durante sua intervenção, Zhu disse que o “cerne” deste “novo futuro” está no intercâmbio cultural: “Permitir que o intercâmbio cultural seja uma ponte para aproximar as pessoas e uma força motriz para criar uma nova visão moderna é o cerne deste ‘novo futuro'”, disse o embaixador. Ele expressou ainda a disposição da China em apoiar um diálogo mais humano e aprofundar a cooperação em uma ampla gama de áreas, incluindo instituições de pesquisa, universidades, mídia, jovens, governos locais e organizações civis.
Marcos Galvão, embaixador do Brasil na China, disse que nos últimos 50 anos, Brasil e China têm mantido uma cooperação amigável e mutuamente benéfica. Como maior parceiro comercial e um dos maiores investidores do Brasil, a China desempenha um papel importante nas relações bilaterais. Ele também elogiou a cooperação frutífera em áreas como agricultura e tecnologia.
O Representante especial da China para Assuntos Latino-Americanos, Qiu Xiaoqi, disse que a China está disposta a trabalhar com países, incluindo o Brasil, para promover valores humanos comuns, defender o multilateralismo e o direito internacional, impulsionar a construção conjunta da Iniciativa Cinturão e Rota, o desenvolvimento e a prosperidade das regiões do mundo.