De acordo com a ex-presidente brasileira, Dilma Rousseff (2011–2016), na primeira coletiva de imprensa em Xangai, desde que assumiu a presidência do banco, uma de suas missões é a “ampliação do banco para outros países do Sul Global“. Para Dilma, a tarefa “é muito importante. Isso será feito em perfeita coordenação com o conselho de governadores”, explicou. Para ela, a medida vai fortalecer o potencial do NDB.
Na cerimônia de abertura do Reunião Anual do NDB, a presidente do NDB, Dilma Rousseff, destacou o compromisso do banco com a erradicação da pobreza e da fome e com o apoio às contribuições dos países membros para a mudança climática de acordo com o Acordo de Paris
“Os países em desenvolvimento enfrentam um enorme déficit de financiamento para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Por meio de financiamento inovador para apoiar os investimentos necessários em infraestrutura, o NDB está comprometido em ajudar nossos membros a combater a pobreza, criar empregos e promover o desenvolvimento ambientalmente sustentável”, diz a mensagem de Dilma no Twitter.
Atualmente uma série de países buscam aderir ao BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), mas a ideia do NDB, segundo o próprio banco de desenvolvimento, é que aderir a uma de suas carteiras não implica na adesão ao bloco político.
Segundo a presidente, fortalecer o banco é uma das estratégias da instituição para que o Sul Global tenha maior acesso ao financiamento para seus projetos de desenvolvimento diante dos objetivos traçados por organizações internacionais como a ONU.
A presidente também destacou o papel das moedas no cenário econômico internacional e afirmou que o empréstimo financeiro em moedas locais é outra das prioridades do NDB uma vez que as moedas do bloco não são conversíveis.
“Assim sendo, quando tomam emprestado, tomam em moedas que não são relativas a eles. Como o dólar ou euro. E estão sujeitos aos problemas derivados de crises, baseada em questões cambiais e sujeitos a absorver todos os choque e flutuações que possam ocorrer quando uma politica monetária muda de direção”, disse Dilma.
De acordo com a presidente, “o mundo passa por uma transformação” e considerar a criação de uma moeda única “não é algo a se descartar”, mas para ela, não se trata de um conflito cambial, mas uma forma para solucionar problemas que estão propostos na atualidade.
“Não é uma moeda contra outra. Não é discutir. Queremos somar. Vamos continuar a buscar pelo mercado de dólar. Mas vamos considerar que é muito importante o mercado asiático e de moedas locais”, afirmou.
Dilma salientou ainda, que há uma crise de confiança nos organismos internacionais e existe uma necessidade urgente de se reformar a ONU na busca de uma melhor governança global, lembrando que ainda hoje, os conflitos geopolíticos e suas sanções introduziram incerteza e instabilidade, deixando os ativos financeiros desprotegidos e fragmentando ainda mais as cadeias de suprimentos globais, já abaladas pela pandemia de COVID-19.
“Por 60 anos, a pequena ilha de Cuba é sancionada. Por 40 anos, a ONU vota contra as sanções. E nada foi feito”, lamentou a ex-presidente brasileira.
O NDB já aportou no Brasil um total de US$ 5,9 bilhões (cerca de R$ 29,5 bilhões) em créditos para diferentes projetos, desde 2018. Em 2023, apenas um projeto — de expansão da rede de água e saneamento em Pernambuco — foi financiado pela instituição no valor de US$ 202 milhões (aproximadamente R$ 1,01 bilhão).