O Comitê Olímpico Internacional (COI) afirmou nesta terça-feira (3) que está avaliando o uso de broches com a foto de Mao Tsé-Tung — ex-ditador da China morto em 1976 que liderou a revolução comunista no país asiático — por atletas chinesas durante as cerimônias de pódio nos Jogos Olímpicos de Tóquio.
Isso porque a regra 50 da Carta Olímpica — uma espécie de constituição das Olimpíadas — proíbe manifestações políticas. Para os Jogos de Tóquio, o COI admitiu determinados protestos desde que não ocorressem nas cerimônias de entrega de medalhas.
O assunto voltou à tona porque as ciclistas chinesas Bao Shanju e Zhing Tianshi, campeãs olímpicas, subiram ao pódio nesta terça usando broches com a figura de Mao — personagem ainda reverenciado por Pequim, apesar dos massacres na Revolução Cultural nos anos 1960.
Protestos no pódio
O incidente ocorre um dia depois de a americana Raven Saunders cruzar os punhos sobre a cabeça ao receber a medalha de prata no arremesso de peso nas Olimpíadas — a primeira manifestação em pódio, o que o COI veda.


Não se sabe se os broches com o rosto de Mao têm relação com o protesto da americana, mas a atleta dos Estados Unidos recebeu a prata e fez o gesto ao lado da atleta chinesa que conquistou a medalha de ouro. China e EUA disputam medalha a medalha a liderança no quadro, tanto no cômputo geral quanto na contagem de ouros, que é a mais adotada.
Segundo Raven, conhecida como “Mulher Hulk” e lésbica, o gesto foi em prol dos oprimidos que lidam com fardos muito maiores dentro e fora do esporte. O “X” representaria o destino comum onde os oprimidos se encontram.
A edição de Tóquio dos Jogos Olímpicos já é marcada por manifestações: em jogos de futebol, atletas se ajoelharam como um símbolo dos protestos contra o racismo. O gesto foi repetido também por uma ginasta da Costa Rica após se apresentar no solo.