Em contraponto à recente mudança de postura de Washington em relação ao cessar-fogo imediato em Gaza, Pequim reforça a mensagem de que busca o fim do conflito palestino-israelense deflagrado em 7 de outubro de 2023 por meio da mediação com as diversas partes envolvidas.
O objetivo da China é alcançar um cessar-fogo, aliviar a situação humanitária e evitar o maior transbordamento do conflito. A declaração foi feita nesta quarta-feira (20) pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês Lin Jian durante coletiva regular de imprensa em Pequim.
“Recentemente, o embaixador Wang Kejian visitou o Egito, Palestina, Israel e Qatar no Oriente Médio para a desescalada antecipada da situação em Gaza. As partes relevantes apreciaram amplamente a posição justa e os esforços ativos da China para alcançar um cessar-fogo, aliviar a situação humanitária e evitar o maior transbordamento do conflito. Eles olham para a China desempenhando um papel maior na desescalação do conflito e no arrefecimento da situação”, afirmou Lin.
EUA agora querem cessar-fogo
Enquanto isso, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, anunciou durante viagem à Arábia Saudita nesta quinta-feira (21), que o governo Joe Biden apresentou uma resolução no Conselho de Segurança da ONU (CSNU, da sigla em inglês) pedindo um cessar-fogo imediato no genocídio imposto pelo governo sionista de Israel na Faixa de Gaza.
O pronunciamento ocorreu na sexta viagem do secretário de Biden ao Oriente Médio após o início da guerra. Após se encontrar com o ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, príncipe Faisal bin Farhan, e o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, Blinken viajou ao Cairo.
Após cumprir agenda com autoridades do Egito, Blinken seguirá viagem rumo a Israel, onde deve encontrar novamente o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu nesta sexta-feira (21).
Em três oportunidades os EUA vetaram uma proposta de cessar-fogo desde o início da ofensiva militar israelense na Faixa de Gaza no Conselho de Segurança da ONU.
China se posiciona como mediadora desde o início do conflito
O porta-voz da diplomacia chinesa disse ainda que desde a eclosão do conflito em Gaza, Pequim manteve uma estreita comunicação e coordenação com os países árabes, construiu um amplo consenso com as partes relevantes na comunidade internacional e promoveu o cessar-fogo abrangente com o maior senso de urgência.
Lin afirmou ainda que a China acompanhou de perto a situação humanitária em Gaza e já forneceu múltiplos lotes de assistência humanitária de emergência a Gaza através de canais bilaterais e multilaterais.
“A China tem incentivado ativamente todas as facções na Palestina a alcançar a reconciliação interna através do diálogo e apoiar firmemente ‘os palestinos que governam a Palestina'”, observou.
O diplomata ressaltou ainda que a China contribuiu para a adoção pela primeira resolução pelo Conselho de Segurança da ONU para um cessar-fogo desde a eclosão do conflito, divulgou o Documento de Posição da República Popular da China sobre a Solução do Conflito Palestina-Israel, e promoveu ações mais responsáveis e significativas do CSNU.
“Apelamos à plena adesão da Palestina à ONU e uma conferência internacional de paz mais ampla, mais autorizada e mais eficaz para elaborar um cronograma e um roteiro para a solução de dois Estados. A China continuará a trabalhar com a comunidade internacional para restaurar a paz, salvar vidas e defender a justiça”, finalizou o porta-voz.