Sanya, na província insular de Hainan, recebeu entre 7 e 9 de dezembro o Fórum Internacional sobre Inovação e Sustentabilidade Alimentar 2025 e o II Fórum de Inovação sobre Alimentos Sustentáveis China-América Latina. Reunindo especialistas de mais de 20 países, o encontro teve como foco a cooperação em inovação alimentar sustentável entre a China e a América Latina, com debates sobre proteção e uso de recursos de germoplasma, bases teóricas e inovação tecnológica no melhoramento de sementes e suas aplicações industriais.
Durante o evento, o Laboratório Nacional da Baía de Yazhou, sediado em Sanya, assinou memorandos de entendimento com instituições agrícolas da Colômbia, Peru, Equador e Chile. Os acordos preveem pesquisa conjunta, formação de talentos e transferência de resultados em áreas como desenvolvimento de novas variedades, uso eficiente de recursos e adaptação de cultivos às mudanças climáticas. Para Raúl Jaramillo, diretor-executivo do Instituto Nacional de Pesquisas Agropecuárias do Equador, a agenda demonstra o compromisso da China com a cooperação científica internacional e abre espaço para avançar em culturas estratégicas para a região, como banana e batata. Já o professor uruguaio Santiago Signorelli, da Universidade da República, destacou que o país trabalha em cultivos mais resistentes à seca, salinidade e outros estresses ambientais, e que o acesso às tecnologias chinesas de tolerância ao estresse pode acelerar o desenvolvimento agrícola local.
Os fóruns também reforçaram o arcabouço institucional que vem guiando a cooperação entre a China e os países latino-americanos. De acordo com o Plano de Ação Conjunto China-CELAC para Cooperação em Áreas-Chave (2025–2027), agricultura e alimentação figuram entre as prioridades, com ênfase em pesquisas conjuntas e parcerias entre empresas e centros de pesquisa em tecnologias agrícolas inovadoras. Nesse contexto, o Centro de Inovação em Alimentos Sustentáveis China-América Latina, estabelecido em Sanya em novembro de 2024, consolidou ao longo de pouco mais de um ano sub-sedes no Brasil, Argentina e Uruguai, e passou a atuar como plataforma para a construção de centros de demonstração tecnológica, projetos cooperativos e intercâmbios de pessoal.
Por meio dessa estrutura, o centro vem impulsionando a cooperação prática em áreas como melhoramento de cultivos, mecanização agrícola, agricultura tropical e processamento de produtos agrícolas, aproximando laboratórios, universidades e empresas. Segundo Li Jiayang, membro da Academia Chinesa de Ciências e diretor do Laboratório Nacional da Baía de Yazhou, o centro é um veículo fundamental para transformar a cooperação em ciência e tecnologia entre a China e a América Latina em resultados concretos, funcionando ao mesmo tempo como plataforma de pesquisa de ponta, nó de formação de talentos e motor para a transferência de tecnologia aplicada ao campo.
Também presente ao encontro, Zhuang Jia, vice-diretora geral do Departamento de Cooperação Internacional do Ministério da Ciência e Tecnologia da China, lembrou que o agravamento das mudanças climáticas e os riscos associados à segurança alimentar tornam urgente a busca de caminhos tecnológicos mais eficazes por meio da cooperação internacional. Ela citou o novo “Programa de parceria científica e tecnológica China-América Latina e Caribe”, lançado em setembro, que organiza seis linhas de ação – da pesquisa conjunta à construção de plataformas e à governança global da ciência e tecnologia – para apoiar projetos agrícolas, intercâmbios interpessoais e novos mecanismos de colaboração. Para os participantes, a agenda em Hainan sinaliza que a parceria China-América Latina no campo alimentar avança para uma etapa de maior densidade tecnológica, com foco em soluções sustentáveis e de longo prazo.













