China acompanha mudanças climáticas do ‘teto do mundo’

Observatório localizado a 3,8 mil metros de altitude integra rede global que mede a temperatura da Terra e monitora gases de efeito estufa

(Foto: Xinhua)

Com a crise climática a todo o vapor, a Organização Mundial de Meteorologia estabeleceu 32 observatórios em todo o mundo. Um deles está na montanha Waliguan localizada na província de Qinghai, no noroeste da China. Faz parte do extenso planalto Qinghai-Tibete, conhecido como “teto do mundo” devido à sua elevada altitude, de 3.800 metros acima do nível do mar.

O Observatório de Base Global da Vigilância da Atmosfera da China de Waliguan é um dos mais importantes para o monitoramento atmosférico e desempenha um papel crucial no monitoramento de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono.

Estar em alta altitude torna o observatório de Waliguan ideal para coleta de dados atmosféricos devido à atmosfera relativamente limpa e isolada de influências humanas diretas.

Além de sua função científica, a montanha Waliguan e suas redondezas são desafiadoras para quem trabalha e visita a área por causa das condições extremas, incluindo baixos níveis de oxigênio, temperaturas abaixo de zero e o isolamento geográfico.

Mas é exatamente esse ambiente que permite que o observatório forneça dados precisos e representativos do ar global, que são vitais para a pesquisa climática e para entender as mudanças na composição da atmosfera terrestre ao longo do tempo.

Acompanhamento das mudanças climáticas

O Observatório de Base Global para a Vigilância da Atmosfera da China entrou em operação em 17 de setembro de 1994. Desde então, tem um intercâmbio com os dados de observação produzidos pelo Observatório de Mauna Loa no Havaí (EUA) desde a década de 1950.

Os dados produzidos por observadores chineses e dos EUA tornaram-se uma base importante para comprovar a mudança climática global e apoiar a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.

Atualmente, o observatório é capaz de monitorar com precisão 30 itens em alta densidade durante todo o dia, produzindo mais de 60 mil dados todos os dias.

Uma das conquistas mais representativas dos últimos 30 anos é a “curva de dióxido de carbono”, que também é conhecida como a “curva de Waliguan”.

Condições extremas

A temperatura média anual na estação é abaixo de zero graus Celsius, e o conteúdo médio anual de oxigênio é equivalente a 67% do encontrado ao nível do mar. Além disso, a cidade mais próxima fica a mais de 20 quilômetros de distância.

Para garantir que a qualidade da observação em Waliguan não seja afetada negativamente, não são permitidas empresas industriais ou mineradoras num raio de 50 quilômetros.

Participação da China para enfrentar as mudanças climáticas

A China desempenha um papel crucial na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), tanto pelo seu tamanho quanto pelo seu impacto econômico. A participação do país asiático nas negociações climáticas globais é essencial para o sucesso dos esforços internacionais de combate às mudanças climáticas.

Confira alguns aspectos-chave do papel da China para enfrentar a crise climática:

  • Compromissos de Emissão: Como parte do Acordo de Paris, que foi ratificado sob a UNFCCC, a China comprometeu-se a atingir o pico de suas emissões de CO2 antes de 2030 e a se esforçar para alcançar a neutralidade de carbono até 2060. Isso inclui aumentar a participação de energias não fósseis no consumo de energia primária e aumentar a eficiência energética.
     
  • Liderança nas Energias Renováveis: A China é líder mundial na produção e no uso de energia renovável, incluindo energia solar, eólica e hidrelétrica. Essa liderança é crucial para a transição global para uma economia de baixo carbono e está alinhada com os objetivos da UNFCCC de promover o desenvolvimento sustentável.
     
  • Financiamento Climático: A China tem desempenhado um papel ativo no financiamento de iniciativas climáticas, tanto internamente quanto em países em desenvolvimento. Isto é parte de seu compromisso com o princípio das “responsabilidades comuns, mas diferenciadas”, reconhecendo que países desenvolvidos e em desenvolvimento têm responsabilidades diferentes na luta contra as mudanças climáticas.
     
  • Cooperação Internacional: A China tem buscado ativamente parcerias internacionais e regionais para abordar as mudanças climáticas. Por exemplo, ela tem trabalhado com os Estados Unidos e a União Europeia em vários projetos de cooperação climática.
     
  • Desafios e Críticas: Apesar de seus compromissos e avanços, a China enfrenta críticas do ocidente em razão do crescimento de suas emissões, sua dependência de carvão e a implementação de suas políticas climáticas. A transição para uma economia de baixo carbono é um desafio significativo, dado o enorme tamanho e a complexidade da economia chinesa.

A participação da China na UNFCCC é vital não apenas para seus próprios esforços de mitigação das mudanças climáticas, mas também para incentivar uma ação global mais ampla e eficaz, dada a sua influência econômica e política global.

O que é a Convenção pelo Clima da ONU

A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês) é um tratado internacional adotado em 1992 durante a Cúpula da Terra no Rio de Janeiro, com o objetivo principal de combater a mudança climática.

O tratado reconhece a existência de mudanças climáticas antropogênicas, ou seja, influenciadas por atividades humanas, e estabelece um quadro para a ação intergovernamental para limitar o aumento das temperaturas globais e mitigar os impactos das mudanças climáticas.

Os principais objetivos da UNFCCC são:

  • Estabilização das Concentrações de Gases de Efeito Estufa: A convenção visa estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera em um nível que impeça interferências antropogênicas perigosas no sistema climático. Este nível deve ser alcançado dentro de um período suficiente para permitir que os ecossistemas se adaptem naturalmente às mudanças climáticas, garantir que a produção de alimentos não seja ameaçada e permitir que o desenvolvimento econômico prossiga de maneira sustentável.
     
  • Compromissos Diferenciados: A convenção reconhece a necessidade de diferenciação entre os países, com responsabilidades comuns, porém diferenciadas. Isso significa que os países desenvolvidos, que historicamente contribuíram mais para as emissões de gases de efeito estufa, têm uma responsabilidade maior e devem liderar os esforços para combater as mudanças climáticas.
     
  • Apoio a Países em Desenvolvimento: A UNFCCC também estabelece mecanismos para ajudar países em desenvolvimento em suas iniciativas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, por meio de assistência financeira, transferência de tecnologia e capacitação.

Desde sua adoção, a UNFCCC serviu como o principal fórum internacional para negociações climáticas, resultando em vários acordos importantes, incluindo o Protocolo de Quioto em 1997 e o Acordo de Paris em 2015.

As Conferências das Partes (COPs) são realizadas anualmente sob a égide da UNFCCC para avaliar o progresso na luta contra as mudanças climáticas e estabelecer novos compromissos entre os países signatários.

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