A mobilização dos agricultores europeus presente em vários países do continente nas últimas semanas chegou ao Parlamento Europeu nesta quarta-feira (7). O órgão está reunido para discutir a Política Agrícola Comum (PAC), política de subsídios para o setor considerada insuficiente pelos agricultores.
“Se perguntarmos para os agricultores, eles não pedem mais subsídios, mas sim um preço melhor para a produção”, disse ao site Euronews o eurodeputado romeno Dacian Ciolos, ex-comissário europeu da Agricultura. O eurodeputado belga Philippe Lamberts, co-líder da bancada dos verdes, por sua vez, considera que os pequenos agricultores estão sendo esmagados pelas regras de mercado e que 80% da atual política é direcionada a grandes grupos da indústria agropecuária.
Foram esses grandes grupos que abandonaram a mobilização na última quinta-feira (1), quando os agricultores europeus se reuniram para prostestar em Bruxelas, capital da Bélgica, onde o Tratado de Livre Comércio entre União Europeia e Mercosul estava na pauta da Comissão Europeia. A cisão ocorreu principalmente pela pauta ambiental, defendida pelas organizações de esquerda que estão na mobilização, como a Via Campesina.
“Precisamos fazer uma transição agroecológica. Mas para isso precisamos ser pagos a preço justo. Precisamos receber um preço que cubra o custo de produção”, explicou ao Brasil de Fato, na ocasião, a coordenadora da Via Campesina, Morgan Ody.
Além de classificar como “totalmente injusta” a distribuição das subsídios aos agricultores por meio do PAC, a Via Campesina aponta que a crise no setor é resultado das políticas neoliberais implementadas plela União Europeia por meio da desregulação de mercados, acordos de livre comércio, mercados de carbono e “a falta de visão global para uma transição até modelos de agricultura mais sustentáveis”.
A organização afirma que a mercantilização da terra, da água e das sementes conduzem ao empobrecimento da população rural e alerta para o papel das corporações que controlam progressivamente os sistemas alimentares e “só conseguem ser competitivas por estarem fortemente subvencionadas pelo dinheiro público e porque não são obrigadas a pagar os custos sanitários, ambientais e sociais do seu modelo de produção industrial”.
Na terça-feira (6), agricultores bloquearam o trânsito nas principais vias da Espanha em sintonia com os protestos que ocorrem na Itália, Portugal, França e Bélgica. Nesses dois últimos países, os protestos estão sendo duramente reprimidos pela polícia local.
*Com informações da Agência Brasil