Neste 31 de outubro é celebrado o Dia Mundial das Cidades, criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2014 para promover o desenvolvimento urbano sustentável e enfrentar os desafios enfrentados pelas áreas urbanas, como crescimento populacional, habitação e meio ambiente.
A data foi proposta pela China e oficializada pela Assembleia Geral da ONU, inspirada na visão de “Cidade Melhor, Vida Melhor” da Expo de Xangai em 2010. Desde então, é celebrada para estimular debates sobre a sustentabilidade nas cidades e a implementação da Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável.
Durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira (31), o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, destacou que o país passou por uma urbanização recorde, com 66,16% de seus residentes vivendo em áreas urbanas.
“A China tem promovido um modelo de urbanização centrado nas pessoas, com melhorias significativas no ambiente de vida, nas funções urbanas e na governança das cidades”, afirmou Lin.
A China também compartilha suas soluções urbanas, como transporte inteligente e construção sustentável, com outros países, contribuindo para o desenvolvimento urbano global. Lin ressaltou ainda o apoio ao UN-Habitat na criação do Prêmio Xangai e no desenvolvimento do Índice Adaptado de Monitoramento Urbano de Xangai, que auxiliam na governança urbana.
“Cidades refletem a civilização moderna. A China está pronta para cooperar globalmente, implementando a Iniciativa de Desenvolvimento Global e aprofundando a colaboração urbana para construir cidades mais sustentáveis no futuro”, concluiu Lin.
Projetos urbanos da China
A China tem uma série de projetos urbanos focados em sustentabilidade, infraestrutura e inovação tecnológica com o objetivo de melhorar a qualidade de vida e promover o desenvolvimento sustentável.
Renovação Urbana
A China vem implementando uma estratégia de renovação de bairros urbanos antigos, com investimentos de cerca de 2,6 trilhões de yuans (1,768 trilhão de reais). Este projeto envolve a reforma de infraestrutura urbana, como redes de gás, água e esgoto, além da construção de novas instalações públicas. Em 2024, o plano abrange a renovação de 54 mil comunidades residenciais, com a inclusão de elevadores, vagas de estacionamento e espaços para idosos e crianças.
Plano Quinquenal de Urbanização
Como parte do 14º Plano Quinquenal, a China estabeleceu um plano de urbanização centrado nas pessoas, que busca aumentar a taxa de urbanização para 70%. Este projeto inclui a flexibilização das restrições de registro urbano, melhoria dos serviços públicos e desenvolvimento de áreas metropolitanas modernas com melhor conectividade e serviços compartilhados.
Desenvolvimento Verde
Diretrizes foram emitidas para incentivar o desenvolvimento verde em áreas urbanas e rurais, com metas para reduzir emissões de carbono e melhorar a qualidade ambiental até 2035. A construção sustentável e a proteção de recursos naturais em cidades e vilarejos são prioridades nesse plano.
Cidade Ecológica Sino-Francesa de Wuhan
Em parceria com a França, a China desenvolveu a “Cidade Ecológica de Wuhan”, focada em práticas de construção sustentável e uso de tecnologias para um ecossistema urbano ecológico. Este projeto promove o uso eficiente de recursos naturais, e inclui parques nacionais de áreas úmidas e sistemas de energia inteligentes.
Índice Global de Cidades 2024
O relatório “Global Cities Index 2024” da Oxford Economics destaca o desempenho das cidades chinesas em três frentes principais.
Pequim e Xangai se consolidam como polos globais de inovação, impulsionadas por investimentos em tecnologia e capital humano. Cidades menores, como Xuchang e Hefei, seguem em rápido crescimento, sobretudo na manufatura, refletindo a estratégia chinesa de expandir o desenvolvimento urbano para regiões menos industrializadas.
Contudo, a China enfrenta desafios em*sustentabilidade e governança, com áreas de médio porte ainda buscando avanços na qualidade do ar e infraestrutura verde.
O documento foi produzido pela Oxford Economics, consultoria global especializada em análises econômicas e previsões. O relatório avalia as mil maiores cidades do mundo com base em cinco categorias principais: Economia, Capital Humano, Qualidade de Vida, Meio Ambiente e Governança.
Nova York ocupa o primeiro lugar no índice geral, seguida por Londres. Ambas as cidades destacam-se nas categorias de Economia e Capital Humano, refletindo sua importância como centros financeiros e educacionais globais. citeturn0search3
Sete das dez principais cidades na categoria Economia estão nos Estados Unidos, com Nova York liderando devido ao seu vasto PIB e crescimento econômico estável.
São Paulo é a única cidade brasileira entre as 300 melhores, ocupando a 294ª posição no ranking geral. Além disso, cidades como Fortaleza e Natal destacaram-se na categoria Meio Ambiente, ocupando, respectivamente, o 2º e 4º lugares, evidenciando avanços em sustentabilidade ambiental.
As dez cidades mais bem classificadas estão distribuídas por quatro continentes, indicando uma variedade de centros urbanos que combinam crescimento econômico, qualidade de vida e governança eficaz.
O relatório enfatiza a importância de uma abordagem holística ao avaliar o desempenho das cidades, considerando não apenas indicadores econômicos, mas também fatores como qualidade de vida, sustentabilidade ambiental e governança.
Desafios das cidades
Os principais desafios enfrentados pelas cidades atualmente exigem soluções inovadoras, planejamento de longo prazo e uma colaboração efetiva entre governos, setor privado e sociedade civil para tornar as cidades mais resilientes, inclusivas e sustentáveis.
- Crescimento populacional e urbanização: O rápido aumento da população urbana pressiona a infraestrutura existente, criando desafios em habitação, transporte e serviços públicos, além de agravar questões de mobilidade e congestionamento.
- Mudanças climáticas e sustentabilidade: Cidades são grandes contribuintes para as emissões de carbono e enfrentam os efeitos de eventos climáticos extremos, como enchentes, ondas de calor e aumento do nível do mar. A necessidade de transição para práticas sustentáveis e infraestrutura resiliente é cada vez mais urgente.
- Desigualdade social e acessibilidade: A segregação socioeconômica é acentuada em áreas urbanas, com acesso desigual a serviços básicos, habitação, saúde e educação. Cidades enfrentam o desafio de garantir inclusão e equidade, especialmente para populações de baixa renda.
- Habitação Acessível: O custo da moradia em muitas cidades cresceu de forma insustentável, forçando famílias a viverem em condições inadequadas ou a se deslocarem para áreas distantes, aumentando o tempo de deslocamento e a exclusão social.
- Segurança e saúde pública: A densidade populacional das cidades aumenta a exposição a problemas de saúde pública, como pandemias e poluição do ar. A segurança também se torna um desafio em contextos de urbanização desordenada, exigindo políticas integradas para reduzir a criminalidade.
- Inovação e economia: Cidades precisam se adaptar às transformações tecnológicas e garantir que suas economias permaneçam competitivas e diversificadas. O crescimento de economias digitais e o investimento em capital humano são essenciais para o desenvolvimento urbano moderno.
- Governança e planejamento urbano: A complexidade da gestão urbana exige boa governança e planejamento estratégico. Os desafios incluem a integração de políticas ambientais, sociais e econômicas de maneira coordenada e a promoção da participação cidadã para uma governança inclusiva e eficiente.
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