A China anuncia que vai reagir à proposta dos EUA de proibir o uso de software e hardware chineses em carros elétricos.
Nesta segunda-feira (23), a administração do presidente Joe Biden propôs novas regras que banem o uso de equipamento e programas de empresas chinesas em veículos conectados.
A proposta faz parte de um esforço para reduzir “os riscos de segurança nacional” que esses produtos poderiam representar. A medida também alcança produtos feitos na Rússia.
Durante coletiva regular de imprensa do Ministério das Relações Exteriores da China, nesta segunda, o porta-voz Lin Jian comentou a medida anunciada por Washington.
“A China se opõe à ampliação exagerada do conceito de segurança nacional pelos EUA e à adoção de medidas discriminatórias contra empresas e produtos chineses. Instamos os EUA a respeitarem os princípios da economia de mercado e a oferecerem um ambiente de negócios aberto, justo, transparente e não discriminatório para as empresas chinesas. A China defenderá firmemente seus direitos e interesses legítimos”, afirmou.
Entenda a medida dos EUA
A secretária de Comércio dos EUA, Gina Raimondo, anunciou que a proibição de uso de software e hardware chineses e russos em veículos conectados será implementada de forma gradual, começando pelos sistemas de condução automatizados e sistemas de comunicação dos veículos.
Raimondo ressaltou que tecnologias chinesas ou russas podem coletar dados sensíveis, como onde os motoristas moram ou onde seus filhos estudam, tornando os cidadãos americanos vulneráveis.
Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional, mencionou que a China já tentou inserir malware em infraestruturas críticas dos EUA, aumentando a urgência da medida. O governo Biden dará às empresas um ano para remover o software chinês e russo dos sistemas automotivos, e quatro anos para substituir o hardware.
Em resposta a essas acusações de Sullivan, por meio da Embaixada da China em Washington, Pequim criticou as práticas dos EUA de estender o conceito de segurança nacional e usar medidas discriminatórias contra empresas chinesas.
A diplomacia chinesa tem reiterado em diversas manifestações que a China se opõe a qualquer forma de exclusão injustificada de suas empresas do mercado internacional. A potência asiática segue enfatizando que as acusações são infundadas e que o país continuará a defender seus interesses legítimos no cenário global.
Medidas para conter a China
Essa ação do governo Biden se soma a outras tentativas dos EUA de conter a influência chinesa no setor de tecnologia, como a remoção de equipamentos da Huawei e ZTE e as disputas judiciais envolvendo o TikTok. A medida também pode influenciar outros países a adotarem regras semelhantes, segundo Sullivan.
A proposta de regra permitirá que empresas que conseguirem comprovar que seus produtos não representam riscos à segurança solicitem autorizações específicas para continuar operando no mercado dos EUA.
A regra final deverá ser implementada antes do final do mandato da administração Biden.
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