A cooperação em ciência, tecnologia e inovação com a China é prioritária no Ministério e vai desde a relativa a tecnologias aplicadas ao uso de fontes de luz sincrotron – em que o Brasil tem um estágio de desenvolvimento mais avançado do que a China – até temas relacionados a mudança climática e tecnologias inovadoras para energia e projetos com desenvolvimento espacial, como satélite e radiotelescópio.
Foi o que explicou a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, nesta quinta-feira (24), na reunião interministerial preparatória para a VII Sessão Plenária da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN), no Palácio do Itamaraty, em Brasília (DF). O evento reuniu o presidente em exercício, Geraldo Alckmin, e ministros para apresentação das ações de cada Pasta em sua relação sino-brasileira.
O objetivo do encontro foi monitorar o andamento das atividades previstas nos Planos Estratégico e Executivo Brasil-China, em vigor desde 2022, bem como para a identificação de iniciativas concretas de cooperação entre os dois países que possam constituir entregas durante a VII Sessão Plenária da COSBAN, prevista para ocorrer em 2024.
“Quero ressaltar que a cooperação em Ciência, Tecnologia e Inovação com a China é prioritária no MCTI, que está à frente de três subcomissões da COSBAN”, afirmou a ministra Luciana Santos ao abrir sua fala. “No âmbito da Subcomissão de Ciência, Tecnologia e Inovação, após a visita do Presidente Lula, houve intensa interação bilateral, incluindo visitas de parte a parte, algumas previstas para este segundo semestre”, completou.
Entre as ações dessa subcomissão, a ministra lembrou, por exemplo, do memorando de entendimento para cooperação científica com tecnologias aplicadas ao uso de fontes de luz sincrotron. O documento foi firmado em 30 de maio pelo Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM/MCTI) e o Instituto de Física de Alta Energia (IHEP, China). “Essa ação é relevante no sentido de que o Brasil presta cooperação tecnológica aos chineses, por ter estágio mais avançado de desenvolvimento, ao invés de absorver conhecimento”, disse.
Além disso, falou sobre o apoio dado pelo MCTI ao Centro China-Brasil de Mudança Climática e Tecnologias Inovadoras para Energia, mantido conjuntamente pela Universidade de Tsinghua e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A UFRJ e a Universidade Tsinghua, assinaram recentemente a renovação da cooperação, com validade até 2027, para dar sequência à colaboração em temas como: planejamento energético; cidades inteligentes; mobilidade – veículos híbridos; empreendedorismo e inovação.
Cooperação espacial
Outro ponto destacado pela ministra, em relação à Subcomissão Espacial, foi o projeto do satélite CBERS-6, que levará a Plataforma Multimissão, tecnologia desenvolvida pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), e permitirá obtenção de imagens através de nuvens, por meio do uso de radar de abertura sintética. “Essa é uma cooperação fundamental, uma vez que o Brasil ainda não domina essa tecnologia e haverá oportunidade de aprendizagem dos engenheiros do INPE com os parceiros da China. Ressalto que esse é um projeto que contará com cerca de R$ 250 milhões de investimento do MCTI”, comentou.
A ministra enfatizou ainda, entre várias outras inciativas, o radiotelescópio BINGO (Baryon Acoustic Oscillations from Integrated Neutral Gas Observations), na Paraíba. Além de sua missão primordial de pesquisa sobre matéria escura, proporcionará o desenvolvimento de tecnologia de instrumentação para cosmologia observacional e astrofísica.
Por fim, a ministra citou que, em relação à Subcomissão de Indústria e Tecnologias da Informação e Comunicação, estão em curso as atividades de cooperação entre o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD) e a Academia Chinesa de Tecnologia da Informação e Comunicações. O objetivo é o desenvolvimento de projetos em tecnologias avançadas de comunicação, incluindo a capacitação de recursos humanos.