Segundo o comunicado da chancelaria chinesa, as duas partes trocaram pontos de vista aprofundados sobre a promoção de uma solução para o conflito e apelaram ao abrandamento da situação.
Em um trabalho conjunto, as autoridades dos dois países destacaram alguns entendimentos comuns, acrescentando que Pequim e Brasília apoiam uma conferência internacional de paz realizada “em um momento adequado que seja reconhecida tanto pela Rússia como pela Ucrânia, com participação igual de todas as partes”.
- Três pontos para desescalar: Brasil e China apelam a todas as partes relevantes para que observem três princípios para desescalar a situação, nomeadamente nenhuma expansão do campo de batalha, nenhuma escalada dos combates e nenhuma provocação por qualquer parte.
2. Negociação e diálogo: as duas nações acreditam que o diálogo e a negociação são a única solução viável para a crise na Ucrânia. Todas as partes devem criar condições para retomar o diálogo direto e pressionar para a desescalada até a concretização de um cessar-fogo abrangente, assim como apoiam uma conferência internacional de paz “com participação igual de todas as partes” […].
3. Armas nucleares: a utilização de armas de destruição maciça, especialmente armas nucleares e armas químicas e biológicas, deve ser combatida. Devem ser feitos todos os esforços possíveis para prevenir a proliferação nuclear e evitar a crise nuclear.
4. Ataques a usinas nucleares: os ataques às usinas nucleares e outras instalações nucleares pacíficas devem ser combatidos. Todas as partes devem cumprir o direito internacional, incluindo a Convenção sobre Segurança Nuclear, e prevenir resolutamente acidentes nucleares.
5. Prisioneiros e assistência humanitária: são necessários esforços para aumentar a assistência humanitária às regiões relevantes e evitar uma crise humanitária em maior escala. Os ataques a civis ou a instalações civis devem ser evitados […] e prisioneiros de guerra devem ser protegidos. Os dois lados apoiam a troca de prisioneiros de guerra entre as partes em conflito.
6. Oposição à bipolarização do mundo: deve-se opor à divisão do mundo em grupos políticos ou econômicos isolados. As duas partes apelam a esforços para reforçar a cooperação internacional nos mais variados setores […] de modo a proteger a estabilidade das cadeias industriais e de abastecimento globais.
Entendimentos comuns entre China e Brasil sobre a solução política da crise na Ucrânia
Por fim, o comunicado do Ministério das Relações Exteriores da China convoca “os membros da comunidade internacional a apoiarem e endossarem os entendimentos comuns acima mencionados, e desempenharem conjuntamente um papel construtivo na redução da situação e na promoção de diálogos de paz.
Brasil e China, que adotaram o princípio de neutralidade diante do conflito, são países que fazem parte do Sul Global e acreditam que Moscou e Kiev precisam ser ouvidas, se distanciando da retórica norte-americana e europeia, na qual a Rússia é vista como única agressora e sem motivos para lançar sua operação.