Lula propõe a criação de moeda comum na América do Sul para fins comerciais

Em alinhamento com sua contestação pública à predominância do dólar nas transações financeiras globais, Lula sugeriu que todos os países da região adotassem uma moeda comum

Durante uma cúpula de países sul-americanos realizada na terça-feira, 30 de maio, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva propôs a criação de uma moeda comum para fins comerciais entre os 12 países da América do Sul.

Em alinhamento com sua contestação pública à predominância do dólar nas transações financeiras globais, Lula sugeriu que todos os países da região adotassem uma moeda comum. Esta proposta, segundo o presidente, seria uma maneira de “aprofundar nossa identidade sul-americana também na área monetária”, além de introduzir mecanismos de compensação mais eficientes.

Entretanto, Lula não propõe a substituição do real ou das moedas nacionais em uso pelas populações. A moeda comum seria usada exclusivamente para pagamentos de importações e exportações. Esta ideia surge como resposta à escassez de dólar e aos impactos causados pela política monetária de importantes parceiros comerciais, como a Argentina.

O presidente Lula já expressou o sonho de criar uma moeda semelhante ao euro para fins de comércio exterior, algo discutido no Novo Banco de Desenvolvimento, instituição financeira criada por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Ademais, os bancos centrais do Brasil e da China iniciaram uma cooperação neste ano para facilitar o comércio e investimentos entre ambos sem a necessidade de uso do dólar.

Além da proposta da moeda comum, Lula apresentou uma série de ideias aos presidentes sul-americanos, que incluem a retomada da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), a formação de um comitê de diálogo presidencial, mobilização de bancos de desenvolvimento para o crescimento econômico e social, e a implementação de iniciativas de convergência regulatória.

Lula também destacou a importância da reintegração regional, com a retomada da Unasul e da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). Ele apontou o isolacionismo do ex-presidente Jair Bolsonaro como um fator determinante para a perda de liderança regional do Brasil.

Durante a cúpula, estiveram presentes os presidentes da Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Suriname, Uruguai e Venezuela. A presidente do Peru, Dina Boluarte, enviou um representante devido a uma crise política local que a impede de deixar o país.

Os líderes passaram a tarde em discussões informais e mais tarde participaram de um jantar organizado pelo presidente Lula e pela primeira-dama Janja da Silva.